Editorial – Cacau e chocolates

Esticar novelas indefinidamente é aposta pontual de roteiristas que garantem o bom funcionamento do sistema na matriz e, consequentemente, nas filiais. Ora, por que não simplificar e agilizar a troca das figuras de proa de um país? Há que criar heróis, vilões, anti-heróis e malvados prediletos, para o sucesso da catarse coletiva em torno de projetos de poder.
E os ianques são mestres nisso desde seus inícios. Criaram regras para a coisa funcionar independentemente do ator simbolicamente no comando, seja um Lincoln (assassinado), um James Garfield (idem), um William McKinley (idem), um Kennedy (idem), mas, poderia ser um gato, um cachorro ou um poste: mijou fora da pichorra, já era…
Bush Jr., por exemplo, desempenhou o papel de um ferrabrás. Obama, o de um bom menino. Suas falas e atitudes foram ditadas da mesma fonte. E nadica de nada mudou para os países satélites. Assim, nossa novela quinhentista e intragável seguirá inalterada, não importando minimamente as tretas do roteiro: seguiremos exportando cacau e importando chocolates.

