CPI ouve presidente da Enel em sessão na Alesp com queda de energia
Concessionária foi alvo de críticas de prefeitos e parlamentares; 2,1 milhões foram afetados pela falta de eletricidade
MARCOS FIDELIS
Durante a aguardada sessão da CPI da Enel na Alesp – Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta terça-feira (14), destinada a ouvir o presidente da empresa, Max Xavier Lins, um apagão interrompeu os trabalhos, gerando tumulto e críticas por parte dos presentes. A energia no plenário José Bonifácio da Alesp caiu duas vezes antes do início da audiência, levando a interrupções que prejudicaram o andamento da CPI.
De acordo com o presidente da CPI, deputado Thiago Auricchio – PL, a Enel “foi vítima” de suas próprias falhas, referindo-se ao problema técnico que impediu a apresentação preparada por Max Xavier Lins. Thiago destacou ainda que a situação causou danos materiais à Assembleia Legislativa, afirmando que uma TV da Alesp teria queimado durante o apagão, podendo resultar em uma solicitação de indenização à Enel.
Resposta
Em resposta, o presidente da Enel, Max Xavier Lins, negou qualquer responsabilidade da empresa pelos problemas elétricos. Ele afirmou que as oscilações foram provocadas por chaveamentos internos e destacou que a empresa manteve contato com a área de manutenção da Alesp para esclarecimentos técnicos.
Desculpas
Além das dificuldades técnicas enfrentadas durante a audiência, Max Xavier Lins pediu desculpas pelos 2,1 milhões de clientes que ficaram sem luz no início do mês, reconhecendo a importância da energia como um “insumo essencial” na vida moderna. “Nós sabemos do transtorno. A energia elétrica é um insumo essencial à sociedade e à vida moderna. Ninguém vive sem energia elétrica”, disse Lins.
Indenização
Lins prestou depoimento à CPI para esclarecer o apagão que afetou milhões de clientes em São Paulo. O presidente já havia sido convidado para falar à comissão, mas o episódio do apagão transformou o convite em uma convocação. Quanto ao TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, proposto pelo Ministério Público do Estado de São Paulo para indenizar os prejudicados, Lins não assegurou a assinatura, afirmando que primeiro analisará os termos antes de discutir com o Ministério Público.
Relatora
A deputada Carla Morando – PSDB, relatora da CPI, reforçou o compromisso de garantir serviços de qualidade à população e buscar ressarcimento para os usuários afetados pelo apagão. “É impossível aceitarmos esse nível de incompetência. Os problemas de fiscalização são claros e nossa CPI na Alesp tem a missão de expor todos esses erros e absurdos”, destacou a parlamentar.
Prefeitos
Em contrapartida, prefeitos presentes na sessão expressaram insatisfação com o principal argumento de Lins, que atribuiu a queda de energia a ventos intensos que derrubaram árvores. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando – PSDB, classificou a Enel como uma “péssima empresa” e um “lixo”.
O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior – PSDB, acusou a Enel de “sucateamento dos equipamentos” e criticou o contrato, citando o governador Tarcísio de Freitas – Republicanos ao afirmar que foi feito um contrato “frouxo, mal regulado e não fiscalizado”.