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Não Sou Um Robô!

                José R. E. Xavier (Dr. Xavier).

 

(Nem este texto é fruto de uma chat-gpt)

Desde muito jovem sou fã incondicional da incrível obra de ficção de Isaac Asimov (1920-1992), começando por “Eu Robô”, publicado em 1950.

Na época, foi uma arquitetura absurda, inimaginável, de uma explosão científica embrionária iniciada na segunda metade do século XX. Sucedeu a muitas criações afins de grandes escritores como Orwells, Huxley, Ray Bradbury, Júlio Verne e os contemporâneos Robert Heinlein e Arthur Clark. Imortalizou as três leis da robótica, adicionando posteriormente uma quarta:

1-Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2-Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.

3-Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.

4- (Chamada Lei Zero) -Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal.

O livro termina com as palavras da Dra. Susan Calvin, personagem marcante de suas obras: “A humanidade perdeu o direito de decidir sobre seu próprio futuro. Na realidade nunca teve esse direito. Sempre esteve à mercê de forças econômicas e sociológicas que ela era incapaz de compreender; à mercê dos climas e das fortunas das guerras. Agora, as máquinas compreendem essas forças, e ninguém poderá conter as máquinas, porque terão à sua disposição a mais poderosa de todas as armas: o controle absoluto da nossa economia.”

Século XXI, anos 20- O mundo é envolto por inovações tecnológicas que fazem do engajamento opinativo, letrado e iletrado, consciente ou sem noção, uma Torre de Babel com empoderamento de direitos lícitos ou ilícitos em uma literacia enviesada e sem controle. Caminho aberto para dissonâncias cognitivas coletivas. Convite para exageros de julgamentos preditivos que extrapolam limites da ignorância objetiva tolerada, sem que se possa avaliar a sanidade do processo mental que os produz. Tornamo-nos, todos, especialistas em religiões, etnias, ideologia de gênero, castas, orientações sexuais e todas as Ciências; sem nunca assumir as explícitas necessidades terapêuticas das condutas equivocadas. Egocentristas em busca de reconhecimento e livres para delinquir.

O exercício sem competência e sem fronteiras desses atos cria insanáveis dificuldades de enquadramentos legais das atitudes, para os formuladores das políticas públicas, em diferentes governos.

Dessa maneira torna-se global e de infinita capilaridade a doutrinação através de fake-news e algoritmos em todos os setores da inteligência humana, com a mesma amplitude, para afetos e desafetos. Escapa-nos o controle das nossas expectativas, a dignidade da autonomia e da individualidade e as escolhas de destinos almejados. A Inteligência Artificial (IA), sob o manejo das Big-Techs, pode se tornar o 4º poder da República em trilha moderna a ser asfaltada para se golpear a democracia por intermédio do establishment político. O nível de cólera aumentou exponencialmente com as redes sociais, com desvios de função e de conduta até de líderes religiosos e militares. O populismo de direita e de esquerda divide o mundo. “O populismo é filho do casamento entre a cólera e os algoritmos.” (Giuliano Da Empoli- “Os Engenheiros do Caos”).

“O aspecto mais triste da vida atual é que a Ciência alcança o conhecimento mais rapidamente do que a sociedade alcança a sabedoria.” (Isaac Asimov).

Mais triste ainda é constatar que, 70 anos depois, continuamos expostos aos mesmos riscos pela incapacidade do homem de evoluir fraternalmente, colocando o egoísmo acima da solidariedade.

É por estas e muitas outras razões que não me considero um robô: ter alegrias, tristezas, sentimentos, voluntariedades, família e amigos.

Em assim sendo, um ser em construção espiritual, ainda não posso demitir Deus da minha vida.

 

 

José R. E. Xavier (Dr. Xavier).

 

 

 

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