Editorial – Mãe

Quem nos inventou sabia o que fazia: projetou e programou o macho originário para ser caçador, construtor, destruidor, guerreiro, transformador etc. Enfim, um bicho elementar e tosco cuja participação endógena na perpetuação da espécie – como em todas do tipo – é meteórica: pá-pum e o gajo estaria pronto para outra, construir uma toca, partir para a pancadaria, inventar uma canoa ou derrubar uma floresta.
Já a fêmea… é outra história! Desde a constituição física até o programa instalado é de extrema complexidade. É a que ajeita a toca, a coletora por excelência. Até nos tempos modernos não sai sem uma bolsa de levar badulaques próprios e os que a atraiam. Carrega a cria em gestação por meses e para onde vá. Nos primórdios, precisava do macho a protegê-la nessa fase. Atualmente é prescindível, mudamos o programa.
Mas, dantes ou agora, nascido o filhote num processo originariamente exaustivo e até traumático, ai de quem se meter com sua cria! A mais delicada, graciosa e gentil vira fera! Pobre de quem se atrever a confrontar o instinto maternal: é a força mais poderosa da Natureza, a geradora universal. No demais, é bela e terna poesia!
A benção, Mãe!

