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Seu Celular Já Está no Alvo e Você Talvez Não Saiba

A tela acende e, com ela, a sensação de que qualquer deslize digital pode virar manchete. Vivemos em uma sociedade que caminha sobre um piso de vidro. Tudo soa estável até o instante em que a primeira trinca aparece. A cibercriminalidade ocupa exatamente esse ponto de tensão que ninguém quer enxergar, mas todos sentem.

Os golpes não são mais obra de aventureiros. Hoje envolvem redes organizadas, engenharia social sofisticada e um mercado clandestino que opera com precisão quase industrial. O cidadão, antes preocupado apenas com a tranca física da porta, agora precisa vigiar senhas, dispositivos, vazamentos e rastros digitais. É um novo tipo de vulnerabilidade que se infiltra no cotidiano.

O Direito tenta acompanhar esse movimento, sempre dividido entre a prudência das garantias e a urgência da proteção. A tradição jurídica brasileira se formou sobre bases sólidas, mas pensadas para um mundo analógico. Quando o crime se desloca para a nuvem, o velho arcabouço mostra limites. Investigações demandam perícias rápidas, cooperação internacional e agentes treinados para lidar com códigos, metadados e criptografia.

As instituições, porém, enfrentam um paradoxo. Se correm demais, arriscam atropelar garantias. Se andam devagar, deixam que o crime tome distância O trem já partiu, mas as normas ainda estão na estação. A pergunta é quanto tempo essa diferença de velocidade pode durar sem comprometer a confiança social.

O leitor talvez perceba no próprio celular essa disputa silenciosa entre proteção e exposição. Cada notificação, cada link suspeito, cada aplicativo que pede permissões demais revela que a fronteira entre segurança e risco se estreita. A sociedade de risco não é uma metáfora sociológica distante. É o ambiente em que vivemos.

O enfrentamento da cibercriminalidade exige tecnologia, políticas públicas consistentes e sobretudo lucidez. Não há solução mágica. Há esforço contínuo, responsabilidade institucional e educação digital. O risco não desaparecerá. Mas pode ser controlado, desde que compreendido e enfrentado com coragem, método e respeito às liberdades que sustentam nossa vida democrática.

 

Ulysses Molitor

Ulyssesmolitor@gmail.com

 

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