Evento de encerramento da Virada Inclusiva em São Bernardo faz convite à reflexão
Atividade celebrou 10 anos da criação da Lei Brasileira de Inclusão, criada em 2015, e reuniu profissionais de diversas área e pessoas com deficiência no Teatro Cacilda Becker; programação durou dois dias e contou com palestras, atividades culturais e esportivas
A Prefeitura de São Bernardo, por meio do Comitê Intersecretarial de Direitos da Pessoa com Deficiência e TEA, encerrou na manhã desta quinta-feira (4/12) a programação da Virada Inclusiva, com evento realizado no Teatro Cacilda Becker que foi acompanhado por cerca de 100 pessoas e deixou como saldo a necessidade de uma maior reflexão em relação às necessidades deste público.
O encontro teve como ponto de destaque mesa-redonda que contou com a participação de pessoas com deficiência e profissionais de diversas áreas que, além da troca de experiências e esclarecimentos, apontaram para avanços com a criação da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que celebra 10 anos neste 2025, e cobraram mais ações em relação à inclusão.
Na roda de conversa estavam pessoas com deficiência que falaram de suas experiências, necessidades, de trabalho e de como é possível avançar, caso da assessora da Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência e TEA de São Bernardo, Caroline Marques, a paratleta Verônica Hipólito, e a diretora de escola Regiane Dantas. Também estavam na conversa profissionais que atuam diretamente na defesa dos direitos e saúde de PCDs, como o psiquiatra Felipe Ladeira, a defensora pública Fernanda Rozo e a promotora de Justiça Sirleni Fernandes, ligada à infância e juventude.
Uma das primeiras a falar, Caroline lembrou que no início da carreira como modelo sentia medo e até tremia no momento de entrar na passarela, mas que com o tempo superou os temores porque a “vida me ensinou que quando carrego uma bandeira não estou sozinha”. Segundo ela, em cada evento, foto ou reunião, ela lembra que está lá não apenas por ela, mas pelas pessoas “que precisam ser vistas através de mim.”
“Foi ali que entendi que a Lei Brasileira de Inclusão trouxe o que é protagonizar para o Brasil, o direito de existir, de viver com dignidade, de ocupar espaços, de ser sujeito da sua própria história. As pessoas subestimam muito a capacidade da pessoa com deficiência, e a gente está nessa luta porque isso é muito triste, mas também tem aquelas pessoas que acreditam em nós. Como exemplo, o prefeito Marcelo Lima, que sempre me olhou enxergando potência, e que está fazendo de São Bernardo uma cidade da inclusão de fato”, disse Caroline.
O bate-papo, conduzido por Alan Mazzoleni, coordenador do Centro de Reabilitação (CER-IV) de São Bernardo, não deixou dúvida: é preciso fazer mais. “Quando se faz uma reflexão um pouquinho mais demorada, a gente percebe que ninguém em sociedade é completamente independente. Todos temos uma interdependência. Em alguns momentos da vida, qualquer um de nós vai ter uma dependência maior. Quando criança, precisamos de cuidados, quando idosos, muito provavelmente precisaremos de cuidados. Mulheres grávidas precisam de cuidados, assim como pessoas com deficiência. Para a parcela das pessoas com deficiência, a vida fica inviável sem esses cuidados”, alertou Sirleni.
Para ela, o primeiro movimento de inclusão foi pensado para superar barreiras arquitetônicas, mas aponta também as urbanísticas, de transporte e a atitudinal, que considera a primeira da lista. “Porque é como a gente olha e sente uma pessoa com eficiência. A gente não consegue superar as barreiras de inclusão se não superar a barreira atitudinal.” A promotora inclui outra na relação, a tecnológica, “que tem trazido avanços de inclusão, mas também pode significar muita exclusão.”
“Isso se não houver esse olhar de que ela pode ser também uma barreira para as pessoas com deficiência. Então, a gente tem que olhar sempre os nossos avanços, mas pensando que temos uma sociedade capacitista e, portanto, como podemos avançar tecnologicamente para não reproduzir esse preconceito.”
PROGRAMAÇÃO – A abertura da Virada Inclusiva foi realizada no dia 2 de dezembro, no Teatro Martins Pena, com programação cultural especial que teve apresentação de camerata, violino e violões, promovendo uma vivência artística inclusiva e destacando o talento e protagonismo de pessoas com deficiência e da comunidade escolar.
No dia seguinte, o Parque da Juventude Città Di Maróstica foi o palco da Virada, onde foram realizadas atividades artísticas, como a apresentação do grupo musical da Saúde Mental ‘Mais com Menos’, atividades lúdicas e sensoriais pelo TEAcolhe, Centro Especializado em Reabilitação (CER-IV) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Infantil, auriculoterapia, zumba e carimbó, com o programa ‘De Bem com a Vida’. Além disso, forma realizadas ações de promoção em saúde, como vacinação e orientação em saúde bucal.

