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Consciência Negra

Por que ainda precisamos falar sobre discriminação social no Brasil

A Consciência Negra não é apenas uma data no calendário. É um chamado para refletirmos sobre a história, as lutas e, principalmente, a realidade ainda marcada pela desigualdade enfrentada diariamente pela população negra no Brasil. Mesmo após séculos do fim oficial da escravidão, os efeitos desse período permanecem vivos nas estruturas sociais, econômicas e culturais do país.

A discriminação contra pessoas negras não se limita a casos explícitos de racismo, ela se manifesta também de forma silenciosa e cotidiana. Está nos olhares desconfiados, na ausência de oportunidades, na violência policial, na falta de representatividade em cargos de liderança, no acesso desigual à educação, na diferença salarial e até mesmo na forma como a mídia retrata corpos, histórias e narrativas negras.

Dados históricos mostram que a população negra é a mais afetada pela pobreza, pelo desemprego, pelo subemprego e pela falta de mobilidade social. Esse cenário não é coincidência: é resultado de um país que nunca promoveu uma reparação real para os quase quatro séculos de escravidão. Por isso, falar em Consciência Negra é falar em responsabilidade coletiva.

Ser consciente é compreender que racismo não é apenas uma atitude, mas um sistema que organiza relações e distribui privilégios. É entender que oportunidades não são iguais para todos — e que a cor da pele ainda determina, para muitos, o ponto de partida.

Construir uma sociedade menos desigual passa por reconhecer e valorizar a história do povo negro. Isso significa dar visibilidade a líderes, intelectuais, artistas, cientistas, ativistas, empreendedores e vozes negras que transformaram e seguem transformando o país.

A escola é um ponto essencial nesse processo. A educação antirracista não é uma opção: é um dever. Ensinar sobre África, cultura afro-brasileira, religiões de matriz africana e resistência negra é fundamental para quebrar estereótipos e evitar que novas gerações perpetuem preconceitos.

O Dia da Consciência Negra — 20 de novembro — é um símbolo importante, em memória de Zumbi dos Palmares e de tantos que morreram lutando. Mas a consciência precisa ir além do calendário.

Ela deve estar na política pública, na comunicação, na escola, nas empresas, nas famílias e nas redes sociais.
Porque discriminação não se combate com silêncio. Combate-se com informação, ação e coragem.

Reconhecer o racismo é o primeiro passo. Transformar a realidade é o próximo. E essa responsabilidade é de todos nós.

 

Priscila Cardoso

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