A morte de Jards Macalé, aos 82 anos, deixa uma perda para a música brasileira. Ele estava internado no Rio quando sofreu uma parada cardíaca. A notícia marca o fim de uma trajetória que atravessou décadas e que sempre chamou atenção pelo estilo próprio e pela independência artística.
Macalé cresceu cercado por música e transformou esse ambiente em profissão. Estudou composição, violão e orquestração, o que lhe deu base sólida para criar. Desde o início mostrou que não se ajustava a caminhos previsíveis. Preferia buscar sons e ideias que refletissem sua maneira de enxergar o mundo.
Essa postura fez com que se tornasse uma figura respeitada, mesmo sem ocupar o espaço mais óbvio da indústria.
Nos anos 1960 e 1970, lançou discos que hoje são considerados importantes para a MPB. Suas canções falavam de amor, de inquietações pessoais e também de questões políticas. Ele tratava tudo com naturalidade e sem intenção de protagonismo. Compôs com grandes poetas, manteve parcerias duradouras e desenvolveu uma identidade musical inconfundível. Sua voz, seu violão e sua forma de interpretar eram marcantes.
Ao longo da carreira, viveu momentos de grande destaque e outros de menor visibilidade, mas nunca deixou de produzir. Nos últimos anos voltou a ganhar atenção com novos trabalhos e colaborações. Mostrou que a idade não reduz a criatividade e que ainda tinha muito a dizer por meio da música. Essa constância reforçou sua imagem de artista dedicado, movido mais pela necessidade de criar do que por qualquer disputa por espaço.
A notícia de sua morte provoca tristeza porque seu trabalho deixa um rastro forte. Macalé foi um artista que contribuiu com sinceridade e rigor. Suas músicas permanecem vivas não pela imagem que se criou em torno dele, mas pela qualidade que carregam. São obras que se mantêm atuais e acessíveis para diferentes gerações.
Sua ausência será sentida, mas seu legado permanece. O conjunto de canções que deixou continua a representar sua visão artística e seu compromisso com a autenticidade. Mesmo sem sua presença física, Jards Macalé segue parte essencial da história cultural do país, e é por meio de sua obra que continuará sendo lembrado.
