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Brasil pronto para uma população idosa?

O Enem, mais uma vez, surpreende com os temas da redação. “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira” não apenas é um alerta de como a população brasileira está ficando mais velha a cada ano, mas também questiona se os setores de saúde, transporte e infraestrutura urbana estão a par dessa evolução ou não.

O envelhecimento populacional é um fenômeno irreversível e cada vez mais evidente no Brasil. Nas últimas décadas, a melhoria das condições sanitárias, o avanço da medicina e o aumento da expectativa de vida transformaram a estrutura etária do país. Se antes a juventude representava o centro das atenções políticas e econômicas, hoje é o idoso que se torna protagonista de um novo desafio social: o de envelhecer com dignidade em um país ainda despreparado para acolher essa fase da vida.

De um lado, é inegável o avanço das discussões sobre o envelhecimento ativo, conceito que estimula a autonomia, a participação e o bem-estar das pessoas idosas. Há políticas públicas, como o Estatuto do Idoso e programas de inclusão digital, que buscam garantir direitos e promover o protagonismo dessa parcela da população. Além disso, cresce a valorização da experiência e do conhecimento acumulado pelos mais velhos, que podem contribuir para uma sociedade mais solidária e equilibrada entre gerações.

No entanto, essas perspectivas positivas ainda coexistem com uma realidade marcada por desafios profundos. O etarismo — preconceito contra a velhice — persiste em diversas esferas, desde o mercado de trabalho até o convívio familiar. Muitos idosos enfrentam o abandono, a precariedade dos serviços de saúde e a exclusão social. A aposentadoria, frequentemente insuficiente para cobrir os custos de vida, expõe a vulnerabilidade econômica dessa população. Além disso, a falta de acessibilidade urbana e de políticas de cuidado a longo prazo evidencia o despreparo estrutural do país diante do aumento da longevidade.

É preciso, portanto, repensar o envelhecimento não como um fardo, mas como uma etapa natural e valiosa da vida humana. Investir em educação intergeracional, em saúde preventiva e em políticas de inclusão é fundamental para construir uma sociedade mais empática e sustentável. Envelhecer deve ser sinônimo de conquista, e não de exclusão.

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