O plenário do TSE – Tribunal Superior Eleitoral aprovou na terça-feira (4), por unanimidade, o registro do partido Missão, ligado ao MBL – Movimento Brasil Livre. Com isso, o Brasil passa a contar com 30 legendas políticas oficialmente registradas.
A decisão foi tomada durante sessão administrativa do tribunal e teve como relator o ministro André Mendonça, que destacou a necessidade de pequenos ajustes no estatuto da nova sigla para adequação à legislação eleitoral no prazo de 90 dias. Além disso, o voto do relator foi acompanhado integralmente pelos ministros Antonio Carlos Ferreira, Floriano de Azevedo Marques, Nunes Marques, e pelas ministras Isabel Gallotti, Estela Aranha e a presidente Cármen Lúcia.

Democracia
Ao REPÓRTER, o advogado Dr. Arthur Luís Mendonça Rollo enfatizou a amplitude da mobilização popular que deu origem à legenda. “Foram mais de 590 mil assinaturas colhidas em todas as regiões do país, um feito que demonstra a representatividade e a capilaridade do movimento”, destacou.
Rollo também fez questão de esclarecer equívocos comuns sobre o financiamento partidário. “Tem pessoas que não gostam de partidos políticos e acreditam que quanto mais partidos existirem, maior será o fundo eleitoral e o fundo partidário — o que não é verdade”, explicou. Segundo ele, a criação de novas siglas não aumenta o valor total dos fundos, apenas redistribui uma pequena parcela dos recursos já existentes.
Além disso, o advogado ressaltou a importância do pluripartidarismo para a democracia brasileira. “A nossa democracia é baseada em partidos políticos. Ou seja, há partidos que representam a maioria, outros que representam a minoria, a situação e a oposição. É justamente esse embate de ideias que fortalece e mantém viva a nossa democracia”, afirmou.
Congresso
Ainda mais, o deputado federal Kim Kataguiri – União Brasil, um dos líderes do MBL, destacou que o partido nasce com pautas claras e firmes. “Nós temos, primeiro, uma das nossas principais frentes agora, que é o enfrentamento ao crime organizado, uma guerra literal contra as facções criminosas”, disse. “Também defendemos uma reforma profunda do Estado, cortando privilégios tanto da elite do funcionalismo público quanto de setores privados com forte poder de lobby no Congresso”, completou.
SCS
Em São Caetano, uma das cidades com forte presença do MBL, a criação do partido foi comemorada. O líder local Pedro Umbelino afirmou que o registro do Missão representa um marco para o movimento. “O movimento que antes se valia de partidos paralelos para lançar candidaturas hoje tem a sua própria casa, com identidade e propósito. Isso é um feito histórico para nós”, declarou.
Pedro destacou que a nova legenda já nasce com força na região do ABC. “É tudo muito recente — o partido foi criado oficialmente ontem —, mas já podemos afirmar que ele terá uma representatividade muito grande no ABC”, disse. Ele ainda lembrou o bom desempenho eleitoral dos representantes do MBL nas últimas eleições. “Em São Caetano, por exemplo, o deputado estadual Guto teve uma das maiores votações do estado, e o Kim Kataguiri obteve a segunda maior votação proporcional na cidade”, observou.
O líder reforçou o otimismo em relação ao futuro do Missão. “Com o Renan Santos na presidência e o convite para que o deputado Kim se filie à nova sigla, acreditamos que o partido já nasce com grande envergadura no ABC, especialmente em São Caetano”, concluiu.
SBC
Em São Bernardo, o ex-vereador Glauco Braido também comemorou o deferimento do partido e destacou o novo cenário político que se abre. “Com o partido nas mãos, o jogo muda completamente. Já conversamos internamente e demos uma direção clara. No meu mandato foi a mesma coisa: nunca entrei para ser coadjuvante. Não quero participar do jogo político apenas para compor — quero promover uma mudança profunda. Caso contrário, é melhor nem entrar”, afirmou.

Segundo Braido, o partido Missão compartilha dessa visão de protagonismo. “O partido tem o mesmo pensamento. Vamos trabalhar para lançar candidatos ao Executivo nas sete cidades do ABC e movimentar bastante a região. Com o partido estruturado, temos novas ferramentas para atuar politicamente, desde ações de fiscalização até o uso de instrumentos jurídicos”, explicou.
Pré-candidato
Além disso, o ex-vereador, que se apresenta como pré-candidato a deputado, ressaltou o espírito combativo da legenda. “O Missão é aguerrido. A gente consegue, com muito pouco, alcançar resultados impressionantes. Somos teimosos: quando dizem que algo é impossível, é aí que vamos lá e fazemos. Na minha primeira eleição, por exemplo, minha campanha custou apenas R$ 20 mil, e mesmo assim vencemos”, contou.
Para ele, o surgimento do Missão simboliza a superação do impossível. “Diziam que abrir um novo partido era inviável — até o próprio Bolsonaro tentou e não conseguiu. Pois nós conseguimos. Isso mostra nossa força e determinação. Fazemos muito com pouco”, ressaltou.
Braido também enfatizou o compromisso do grupo com a transparência e a renovação política. “Temos uma atuação forte na fiscalização e na destinação de emendas parlamentares, sempre com total transparência. Somos um partido aguerrido, com vontade de mudar, e que não se acomoda. Diferente de muitos, não perdemos a crença nem a disposição de lutar por transformação”, concluiu.
MARCOS FIDELIS
