Falar de anos 60 em Diadema é falar do nascimento da cidade, que se emancipou de São Bernardo justamente em 1960, 65 anos atrás. E nesta sexta-feira (31), muita gente que ainda se lembra dessa época estava no Centro de Convivência Municipal da Pessoa Idosa (CCMI) para festejar.
“Festejar a vida, né?”, disseram as irmãs Venina e Regina, de 82 e 83 anos. Diademenses desde 1951, essas duas moradoras da Vila Conceição viram de perto o distrito se tornar município. “Naquela época a gente pegava a jardineira daqui do Conceição até a Praça da Árvore pra ir pra São Paulo. As ruas eram de terra, mas já tinha indústria! Eu trabalhava na Gordon [uma das primeiras metalúrgicas da cidade]”, contou Regina. E pra se divertir? “Ela não tinha tempo, trabalhava demais”, entrega a irmã. “Eu gostava do empório, ver os alto-falantes”, lembrou a mais velha.
Fotos: Mauro Pedroso
A Festa Anos 60 surgiu com o propósito de diversificar as atividades do centro, estimular a criatividade e a diversão dos participantes e encerrar as celebrações do Mês da Pessoa Idosa, segundo Alexsandra Dias, coordenadora do CCMI, que é ligado à Secretaria de Assistência Social e Cidadania de Diadema. “Nesse mês, tivemos diversas ações, como oficinas de arte-terapia, de maculelê e capoeira adaptada, cultura afro-indígena e brasileira e a oficina de culinária”, reforçou. “Dessa forma a gente previne o isolamento e estimula toda a área cognitiva e de mobilidade dos idosos. Sempre lembrando que todos temos que ter a sensibilidade e o dever de respeitar, cuidar e garantir que os direitos da pessoa idosa sejam assegurados em todos os meses do ano”, explicou.
Fotos: Mauro Pedroso
Célia Maria da Silva, 66, veio pra Diadema exatamente em 1960. Suas lembranças do desses anos são as de criança. “A gente saía pra brincar na rua, descalça, os vizinhos, os colegas de escola, as mães não tinham preocupação com os filhos. Tinha a bica da chácara dos padres [onde hoje é a Fundação Casa e o Parque do Paço], era muito gostoso, a gente brincava à vontade, de bola, de queimada. A infância era na rua. Hoje eles vivem no celular.” E Diadema? “Nossa, mudou muito, mas pra melhor. As escolas públicas melhoraram muito, e agora tem serviços como esse, do CCMI, que ajudam bastante.”

Agora, em termos: o CCMI completa ano que vem 30 anos, no mesmo espaço, como faz questão de lembrar a frequentadora Maria Lúcia Félix, 81, que também é quase fundadora de Diadema. Mãe solo de 3, conseguiu um terreninho, no Eldorado, nos anos 60, e lá construiu sua casa e criou os filhos, netos e bisnetos. “A melhor lembrança daquela época foi a conquista do meu próprio lar”, afirmou. “E foi com muito sacrifício. Mas olhando para trás, foi como se eu tivesse ganhado na loteria sem dividir com ninguém.” Ela se considera uma vitoriosa: “Diadema foi muito boa pra mim. E continua sendo.”




