Há 95 anos, o bom velhinho assumia o país. Não era o Papai Noel, e sim o pai dos pobres (e a mãe dos ricos, para continuar o trocadilho). Getúlio Dornelles Vargas iniciava o seu processo de comando do Brasil numa era que durou 15 anos, passando por duas constituições, três tipos de governo e uma luta intensa contra as forças internas e externas.
Mostrou-se, ao longo desse período, como é fazer política com força, garra e determinação. Não se apequenou nos momentos mais complicados e se agigantou quando era necessário. Não à toa, virou uma das raposas mais felpudas da história brasileira, com seu desempenho à mão de ferro no Palácio do Catete. Saiu quase que pelas portas dos fundos, mas voltou nos braços do povo, para ficar na eternidade dos livros e dos anais da historiografia nacional.
O ano de 1930 foi singular. De uma eleição considerada fraudulenta, Júlio Prestes estava com toda a pompa para ser empossado presidente. Fez viagens pela Europa, foi recebido com honras diplomáticas em Paris, Londres e Madri, e tinha tudo para acabar com a política do café com leite e reafirmar a soberania paulista no Brasil.
Eis que uma briga particular na Paraíba fez um atentado virar algo nacional e atrapalhar os planos da situação. A morte de João Pessoa foi o pontapé da insurreição popular contra o presidente Washington Luís. Muitos acusaram o ataque de vingança contra o político. A Aliança Liberal usou bem o episódio para forçar a saída de Luís do poder. Porém, ela só veio com um golpe patrocinado pelos militares.
De uma Junta Governamental Militar até Getúlio Vargas foram alguns dias de transição. O político gaúcho, esperto como sempre fora, partiu de trem do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, sendo ovacionado em todas as paradas que fazia. Ao chegar na capital, o clamor era de herói da nação.
Da posse em 3 de novembro de 1930 até sua saída, em 29 de outubro de 1945 — por, que coincidência, um golpe militar —, Vargas governou o Brasil no período entre guerras e na Segunda Guerra Mundial, sempre buscando se aliar, seja com o nazi-fascismo, seja com os Estados Unidos, conforme necessitava de ajuda política e financeira.
No fim, saiu por força maior, mas deixou um aliado como sucessor, o que lhe permitiu voltar sem muito temor, em 1951, como presidente do Brasil.
