Mais do que uma conversa, foi o primeiro aceno de reconciliação. Se a política entre Trump e Lula não estava nada boa em virtude das tarifas comerciais, o encontro na Malásia serviu para tentar aparar as arestas e achar um denominador comum no comércio e na política dos dois países.
Há décadas, Brasil e Estados Unidos são parceiros comerciais e caminham juntos em várias frentes globais. Por mais que os interesses políticos de um presidente ou de outro mudem, nunca os objetivos globais das duas nações vieram a ser antagônicos como agora. Trump e Lula têm pensamentos distintos, mas precisam se alinhar para deixarem isso de lado e fazerem uma corrente única em prol do melhor para o Brasil e para os Estados Unidos.
Os setores industriais e o agronegócio devem estar de olho nas consequências dessa reunião. Os dois, afinal, são os principais mercados exportadores do Brasil para os Estados Unidos e viram a balança comercial cair depois das tarifas, na busca por novos mercados e de novos consumidores. Mesmo que a tarifa venha a continuar, mas em um percentual mais ameno, a chance dos volumes comerciais voltarem é grande, com empresas e produtores voltando a se interligarem novamente.
Outro assunto que deve entrar em pauta é o político, com as sanções e vistos cancelados de alguns brasileiros, por retaliação à conduta judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse pode ser mais complicado para Lula resolver, mas nada deve ser tratado como impossível, depois do gelo entre os dois ter sido finalmente quebrado.
Trump pode ter esse jeito duro e firme de lidar com os assuntos, mas, como bom empresário, sabe muito como negociar as coisas a seu favor. E isso ele levará em consideração em qualquer rodada de conversas. Lula também não é um neófito. Está no terceiro mandato presidencial e sabe como lidar com essas situações. Para o bem de todos, que essa primeira tenha sido uma conversa para criar pontes e fazer com que Brasil e Estados Unidos voltem a ser grandes aliados de outrora, independente do poder político que venha a estar no poder de ambos.
