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ABC pode ter até 10 horas diárias de pressão reduzida na água em plano de contingência

Governo de SP e Arsesp apresentam modelo inédito de gestão hídrica para proteger mananciais do Sistema Integrado Metropolitano

O governo de São Paulo anunciou na sexta-feira (24) um plano de contingência para o abastecimento de água na Grande São Paulo, diante do risco de uma nova crise hídrica. Além disso, o ABC será impactado com redução de pressão de água por até 10 horas, devido ao baixo nível das represas, atualmente em 28,7% da capacidade total — o menor patamar desde a crise de 2014 e 2015.

Contudo, o plano elaborado pela SEMIL – Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, em conjunto com o Comitê Estadual de Mudanças Climáticas, prevê medidas graduais, que incluem exploração do volume morto das represas e, em cenário mais extremo, até rodízio no abastecimento. Em outras palavras, ações mais drásticas só serão aplicadas caso os níveis de água continuem caindo.

Para organizar a gestão, foram definidas sete faixas de operação, que determinam medidas conforme o nível das represas. Nesse sentido, a faixa 3 — na qual se encontra o ABC — prevê redução de pressão por 10 horas, economizando aproximadamente 8 mil litros de água por segundo. Além disso, faixas mais críticas incluem contenção de 14 a 16 horas e instalação de bombas para captação do volume morto em locais essenciais, como hospitais, clínicas de hemodiálise, presídios e postos de bombeiros.

“A redução na pressão noturna tem contribuído para preservar os mananciais que abastecem a capital e a Grande São Paulo. Desde o início da iniciativa, em 27 de agosto, foram poupados mais de 25 bilhões de litros, o equivalente ao abastecimento, por dois meses, das cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema”, afirmou a Sabesp em nota. Todavia, a companhia reforça que imóveis com caixa-d’água, conforme determina o Decreto Estadual nº 12.342/78, são menos impactados pelas restrições.

O abastecimento é realizado pelo SIM – Sistema Integrado Metropolitano, composto por sete mananciais principais. Ainda mais, o sistema flex permite abastecer regiões diferentes da metrópole por múltiplos mananciais, preservando reservatórios com menor nível. Do mesmo modo, foram incorporadas fontes adicionais, como o Sistema São Lourenço (2018) e a interligação Jaguari–Atibainha, que aumentam a oferta de água para a região oeste e para o Sistema Cantareira.

“A Arsesp anunciou um novo modelo de gestão integrada dos recursos hídricos para proteger os reservatórios do SIM e garantir o abastecimento da Grande São Paulo. A iniciativa, desenvolvida em parceria com a SP Águas e a Semil, reforça a segurança hídrica e a sustentabilidade na gestão dos mananciais”, disse a agência em nota. Bem como, o modelo estabelece planejamento a longo, médio e curto prazo, baseado em transparência, governança e projeções climáticas permanentes.

Segundo Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, “Estamos reforçando a transparência sobre o sistema e traçando o planejamento, olhando o futuro, não só para o curto prazo, mas no longo e médio. Em 2023, estabelecemos dois eixos principais de estratégia para resiliência climática: o da mitigação e o da adaptação e resiliência. Isso tudo se baseia na transparência e governança bem estabelecida.” Por exemplo, a metodologia permite ajustar medidas conforme afluência, consumo e volume de chuvas monitorados diariamente.

Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Arsesp, destacou que “O trabalho integra a SP Águas, sob coordenação da Semil, e a Defesa Civil, para garantir segurança hídrica no curto, médio e longo prazo, considerando todas as variáveis necessárias de segurança hídrica”. Ainda assim, o modelo está alinhado ao plano SP Sempre Alerta e ao Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática, buscando reduzir impactos de eventos climáticos futuros.

 

MARCOS FIDELIS

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