
A Comissão Especial da Câmara de São Bernardo, que acompanha os casos de intoxicação por metanol, realizou uma nova reunião na manhã desta terça-feira (21) com o delegado Dr. Ettore Capalbo Sobrinho, da Delegacia de Investigações sobre Crimes Contra o Meio Ambiente. Ele é o responsável pelos inquéritos que apuram a venda e o consumo de bebidas adulteradas na cidade.
De acordo com o delegado, cinco inquéritos estão relacionados a vítimas que vieram a óbito, sendo que em dois deles já há comprovação do uso de metanol nas bebidas. “Outros três casos ainda dependem de exame toxicológico, para confirmar ou não a presença da substância”, explicou. Além disso, segundo Ettore, há outros 15 inquéritos instaurados em conjunto com a Vigilância Sanitária, que recebeu denúncias sobre comércios suspeitos de vender produtos contaminados.
As ações da polícia, juntamente com a Vigilância Sanitária, resultaram na apreensão de bebidas e envio do material ao Instituto de Criminalística. “Agora, estamos aguardando os laudos para verificar se essas bebidas realmente continham metanol”, disse o delegado.
Ainda assim, o investigador destacou que o número de casos vem diminuindo, o que indica que parte da população “já não está mais se abastecendo desses produtos fraudados”. Ele explicou que a adulteração envolvia tanto os falsificadores quanto estabelecimentos que compravam e revendiam as bebidas. “Hoje percebemos uma redução significativa nesse consumo. Alguns locais foram lacrados e, posteriormente, reabertos, mas apenas com autorização para vender alimentos e bebidas não destiladas. Ainda assim, é importante manter o alerta”, completou.
Durante a reunião, Ettore Capalbo também afirmou que São Bernardo não pode ser considerada o epicentro da contaminação por metanol, uma vez que apenas dois dos cinco casos com óbito tiveram comprovação de contaminação. Em um deles, a vítima consumiu bebida na capital paulista, mas veio a falecer em São Bernardo; no outro, trata-se da jovem Bruna, que ingeriu bebida no bar Villa Jardim, embora o produto tenha vindo de um fornecedor do bairro Sacomã, em São Paulo.
Nesse sentido, o delegado detalhou que o fornecedor vendia bebidas sem nota fiscal, e que o bar — que recebe cerca de quatro mil pessoas por fim de semana — também fazia compras sem documentação. Os dois locais foram lacrados e seguem sob investigação.
O presidente da comissão, vereador Julinho Fuzari – Cidadania, ressaltou a importância das investigações para esclarecer os casos e garantir segurança à população. “As investigações têm sido de suma importância, até porque estamos dando luz à verdade em vários casos de intoxicação por metanol”, afirmou. Além disso, ele lembrou que o colegiado encaminhou indicações à Secretaria de Saúde e à Vigilância Sanitária, pedindo esclarecimentos e a manutenção da lacração do Bar Villa Jardim até a conclusão dos trabalhos.
Fuzari também informou que o Boteco da Villa, situado na Paulicéia, voltou a funcionar por estar dentro da normalidade, enquanto o Bar Villa Jardim segue interditado. “Na sexta-feira, convidaremos novamente o secretário de Saúde para apresentar um panorama atualizado da situação e dos desdobramentos das ações”, adiantou o parlamentar.
Do mesmo modo, outros estabelecimentos também foram alvo das fiscalizações. A Adega do Braga, localizada no Parque dos Químicos, e o Boteco da Villa, foram reabertos após análise técnica da Vigilância Sanitária municipal e estadual. O primeiro havia sido fechado no dia 1º de outubro e o segundo, no dia 4.
Durante a reunião anterior da Comissão, realizada no dia 13, os vereadores ouviram os proprietários dos bares interditados. Plínio da Costa, dono do Villa Jardim, disse que seu único fornecedor era a empresa R Drinks, fechada pela Polícia Civil após a comprovação de adulteração com metanol. Ele afirmou ainda que aguarda o resultado dos laudos periciais. Já John Cunha Vieira, do Boteco da Villa, explicou que trabalha com cinco fornecedores e não possui ligação com o local investigado. “Temos um sistema de rastreabilidade: cada garrafa de destilado possui selo de EPI vinculado à nota fiscal, o que garante a origem do produto”, relatou.
Instituída pelo Requerimento nº 310/2025, a Comissão Especial tem como finalidade analisar os casos de adulteração de bebidas alcoólicas com metanol e seus impactos na saúde pública, contribuindo para a segurança da população e a integridade do mercado local.
O colegiado é composto pelos vereadores Julinho Fuzari – Cidadania, presidente; Lucas Ferreira – PL, vice-presidente; Palhinha – Avante, relator; Renan Queiroz – PMB; Reginaldo Burguês – Agir; Gordo da Adega – Josias Paz – Podemos; Ananias Andrade – PT; Geraldo Gomes – PRD; Jorge Araújo – União; Bispo João Batista – Republicanos; Luana Eloá – MDB; e Watanabe – PRTB.
MARCOS FIDELIS