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Um ciclo perigoso que alimentamos

A recente proibição, pela Anvisa, de um café e suplementos alimentares por apresentarem risco à saúde escancara uma realidade incômoda, mas urgente: ainda estamos consumindo no escuro.
Em um país onde o acesso à informação é, muitas vezes, limitado e o poder de escolha comprometido por promessas de marketing e preços sedutores, a fiscalização sanitária e a consciência do consumidor tornam-se pilares de proteção à vida.

Não se trata apenas de um produto específico ou de um lote isolado. Trata-se de um sistema inteiro que ainda permite que alimentos e suplementos perigosos cheguem às prateleiras. A função de órgãos reguladores como a Anvisa é justamente impedir que esse tipo de ameaça avance e, quando conseguem agir a tempo, como neste caso, revelam sua importância vital.

Porém, não é razoável que a saúde da população dependa apenas da vigilância do Estado. A cultura do consumo consciente precisa, urgentemente, sair do discurso e se tornar prática cotidiana.

É preciso compreender que toda vez que escolhemos um produto sem verificar sua procedência, que ignoramos informações básicas no rótulo ou que priorizamos o mais barato sem questionar a qualidade, estamos participando de um ciclo perigoso. Um ciclo que alimenta produtores irresponsáveis, estimula o mercado paralelo e, principalmente, coloca nossa saúde em risco.

Não se trata de elitizar o acesso ao consumo, é ao contrário. O que se defende aqui é o direito de todos a produtos seguros, fiscalizados, testados e certificados. Isso não é luxo, é necessidade. E essa necessidade precisa ser encarada com a devida seriedade, tanto por quem produz quanto por quem compra.

A escolha de um café pela manhã ou de um suplemento para reforçar a saúde não deveria ser um ato de risco. Mas, infelizmente, ainda é. Isso revela falhas não apenas no controle, mas também na cultura de responsabilização das empresas e na formação crítica dos consumidores.

É hora de parar de aceitar o mínimo. Produtos voltados à alimentação e à saúde precisam seguir padrões rigorosos e oferecer garantias reais de segurança. Vidas estão em jogo. A confiança do público não pode ser tratada como descartável, muito menos como um detalhe técnico.

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