O peso das coisas muda quando a gente respira
Quando tudo parece desabar ao mesmo tempo, nosso impulso é correr. Reagir. Resolver. Como se agir rápido fosse a única forma de não afundar. Só que, em momentos assim, o que a gente mais precisa raramente é velocidade. O que a gente precisa, mesmo, é clareza.
E clareza não se encontra no meio do turbilhão. Não aparece enquanto o coração dispara, enquanto o corpo está em alerta, enquanto a cabeça gira sem parar. Decisões tomadas em estado de urgência geralmente carregam o peso da pressa, não da consciência. E o que a gente chama de “resolver logo” pode acabar virando um novo problema.
O mundo nos ensinou a confundir rapidez com eficiência. Associar movimento com solução. Mas há dores que não se curam correndo, há respostas que não nascem no grito, há escolhas que precisam de silêncio antes de serem feitas. Existe uma sabedoria enorme em saber esperar. Não por passividade, mas por inteligência emocional. Por presença. Por autocuidado.
Quem aprendeu a parar no meio da tempestade não se perdeu no caminho. Quem soube respirar antes de reagir, evitou ferir mais do que já estava machucado. Quem se permitiu recuar por um instante, voltou mais inteiro.
Nem tudo precisa ser feito agora. Nem toda mensagem precisa de resposta imediata. Nem todo conflito exige confronto. Às vezes, a pausa salva o que a pressa destruiria. E às vezes, o que parecia urgente se mostra irrelevante com o tempo. Porque o tempo, quando respeitado, revela proporções verdadeiras.
O caos é barulhento, mas a sabedoria costuma sussurrar. Por isso, quem aprende a escutar de dentro para fora já não se desespera com tanta facilidade. Não porque a vida ficou leve, mas porque o olhar ficou mais sereno.
No fundo, você não precisa de mais pressa. Precisa de mais presença.
Enrico Pierro
@enricopierroofc