Na era da informação, a confiança virou luxo
Estamos na era da informação — e nunca fomos tão bombardeados por ela. Em poucos minutos nas redes sociais já assistimos a vários vídeos e lemos conteúdos que nossos antepassados próximos levariam dias para acessar. Esse excesso tem afetado nossa memória, concentração e até o que consideramos interessante. Nunca tivemos tanto acesso a dados e, ao mesmo tempo, nunca as informações foram tão rasas — ou até mesmo falsas.
É verdade: a internet democratizou o acesso ao conhecimento, e essa é uma das maiores conquistas da tecnologia. Antes, apenas a elite ou pequenos grupos que detinham os meios de comunicação podiam dar notícias e emitir opiniões. Assim, o que era considerado moda, belo ou até verídico estava nas mãos de poucos — que ditavam a nossa realidade.
Com a chegada das redes sociais, esse horizonte se expandiu. Qualquer pessoa com acesso à internet passou a emitir opiniões e publicá-las. O impacto positivo foi imenso: na guerra da Síria, por exemplo, cidadãos desmentiram ditadores em tempo real, transformando a população em relatores de guerra.
Mas também colhemos frutos amargos. Pouco se fala sobre a epidemia dos “pseudo gurus”. Não me refiro apenas aos que opinam sem base alguma, mas aos falsos especialistas que lotam a internet com cursos vazios, análises superficiais e pareceres duvidosos. Muitos se apoiam em ferramentas como a inteligência artificial para dar verniz de autoridade, mas na prática oferecem conteúdos rasos como uma sopa de pacote: cheios de corantes e conservantes, sem substância, que não sustentam e, às vezes, desinformam.
Na era da informação, quem diria, o essencial passou a ser descobrir onde é seguro encontrar uma informação confiável. Quem souber identificar fontes seguras estará em vantagem sobre a maioria. Para produtores de conteúdo, profissionais e também para o público, a confiança deixou de ser regra: virou luxo