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Será que sabem o que é ser influenciador?

O mundo digital criou uma figura que, até pouco tempo atrás, não existia: o influenciador. Hoje, há um para cada gosto, nicho e público. Do humor ao fitness, da maquiagem à política, não há área que não tenha seu “porta-voz” digital. A promessa é simples: aproximar pessoas, inspirar e, como o próprio nome indica, influenciar.
Mas aqui está a questão central: será que essa influência tem sido usada de forma responsável?

Não é raro abrir os jornais ou navegar por sites de notícias e encontrar manchetes sobre influenciadores envolvidos em escândalos. Brigas públicas, apologia a jogos de azar disfarçados de plataformas de entretenimento, envolvimento com drogas, episódios de agressões ou acidentes em circunstâncias duvidosas. O que deveria ser um espaço de exemplo positivo, muitas vezes, se transforma em palco de comportamentos questionáveis, transmitidos para milhões de seguidores em tempo real.

A palavra “influenciador” carrega em si uma responsabilidade imensa. Influenciar é muito mais do que entreter ou vender um produto. É formar opinião, é moldar comportamentos, é inspirar escolhas. O alcance digital, por vezes, supera o de veículos tradicionais de comunicação, mas sem os filtros éticos e editoriais que historicamente temperam a imprensa. Um deslize, uma fala impensada ou uma atitude irresponsável pode repercutir em milhares de jovens que enxergam nesses personagens uma referência de vida.

É claro que o fenômeno dos influenciadores não pode ser analisado apenas pelo prisma negativo. Muitos têm se mostrado vozes importantes em causas sociais, ambientais, culturais e até políticas. Há quem use sua visibilidade para educar, conscientizar e gerar impacto positivo. Esses, sim, entendem que o título que carregam não é apenas um rótulo mercadológico, mas um compromisso com quem os acompanha.

O problema está na banalização do termo. Qualquer perfil com certo número de seguidores passa a se autoproclamar “influenciador”, sem refletir sobre o peso desse papel. O resultado é um mercado saturado, onde a busca por engajamento rápido muitas vezes se sobrepõe à qualidade do conteúdo. Likes valem mais do que valores, e a audiência é medida em curtidas, não em confiança.

É hora de refletirmos: quem influencia quem? E para quê? A sociedade, que antes depositava nos mestres, nos líderes comunitários, nos jornalistas e em figuras públicas de credibilidade a missão de orientar e inspirar, hoje vê jovens anônimos transformados em referências instantâneas. A mudança não é, em si, ruim. Mas é perigosa quando não vem acompanhada de responsabilidade.

Ser influenciador não deveria ser apenas uma profissão da moda. Deveria ser um compromisso ético. A palavra que arrasta multidões precisa ser usada com consciência. Porque, no fim, todo influenciador precisa se lembrar: quando alguém escolhe segui-lo, não está apenas clicando em um perfil. Está, de alguma forma, confiando-lhe o poder de influenciar sua vida.

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