ABC terá redução da pressão de água durante a noite
Racionamento noturno visa preservar níveis dos reservatórios e minimizar impactos da escassez hídrica na Região Metropolitana
Em cumprimento à deliberação da Arsesp, a Sabesp adotará medidas temporárias de contingência para preservar os níveis de água dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, coberta pelo SIM – Sistema Integrado Metropolitano. Além disso, a ação integra esforços do Governo do Estado, SP Águas e Arsesp, visando monitorar e minimizar os efeitos da escassez hídrica na região.
A iniciativa prevê a redução da pressão noturna, período em que o consumo de água é menor, como forma de reduzir perdas e otimizar o uso do recurso. Nesse sentido, a Sabesp reforça que imóveis residenciais com caixa d’água não devem sentir impactos diretos da medida. “Até o momento, não há detalhes sobre a operação, o que será definido nos próximos dias e divulgado pelos canais da Sabesp”, disse a companhia ao REPÓRTER.
Manobras
Diante do cenário climático desfavorável, marcado por chuvas abaixo do esperado e variações nos níveis dos mananciais, a empresa também realizará manobras operacionais temporárias para evitar desperdícios por vazamentos e rompimento de tubulações. Contudo, a companhia destaca que tais ações são preventivas e buscam manter a segurança hídrica da população.
Níveis
No último sábado, o ABC REPÓRTER veiculou que os níveis de água nos reservatórios continuam em queda, gerando preocupação entre autoridades e especialistas. Por exemplo, o SIM registrava na sexta-feira (22) apenas 39,2% da capacidade, o menor índice desde a crise hídrica de 2015. Além disso, a represa Billings opera com 33,9% da capacidade, abaixo do esperado para o período, refletindo a prolongada ausência de chuvas. Ontem, o reservatório localizado no ABC registrava 33,02%.
Contudo, especialistas alertam que a estiagem não é o único fator responsável pela situação crítica. Segundo o advogado Virgílio Alcides de Farias, do MDV – Movimento em Defesa da Vida, a degradação ambiental e a falta de saneamento básico na região da Billings agravam a escassez. “Antes de qualquer coisa, é preciso entender o seguinte: esse nível de água está muito baixo, e isso já era esperado. Por quê? Porque o que mantém o reservatório com água é a preservação e a recuperação da cobertura vegetal do seu entorno. Sem floresta, não há água”, afirmou.
Nesse sentido, ele ressaltou que a vegetação é essencial para alimentar os mananciais, permitindo a infiltração de água no solo mesmo em períodos de estiagem. Ainda assim, a ausência prolongada de chuvas dificulta a reposição natural. “O que faz com que a represa não baixe rapidamente, mesmo em períodos secos, é justamente a vegetação do entorno. Entretanto, a situação poderia estar muito pior se não fosse o lançamento constante de esgoto que, apesar de errado, acaba mantendo o nível um pouco mais alto”, explicou.
Do mesmo modo, o advogado destacou que a poluição causada pelo despejo irregular compromete a qualidade da água. “Basta observar qualquer córrego da região: todos recebem esgoto, que vai direto para a represa. Isso piora a qualidade da água, porque quanto menos água há, maior é a concentração de poluentes, já que não existe diluição suficiente”, completou.
