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Não era deles o milênio

O crescimento da Internet, a revolução dos celulares, os videogames realistas e a promessa de um futuro promissor. Tudo isso estava lá quando os millennials começaram suas vidas. A economia era boa e, fora o colapso climático iminente, o crescimento de diversos outros indicadores sociais parecia mostrar a eles que o mundo estava mudando — e para melhor.

Doce ilusão. A eles foram prometidas roupas cromadas e carros voadores. Mas lhes foram entregues diversas guerras, estagnação econômica (quando não, a recessão), incontáveis doenças, novos medos e a provável substituição de diversas profissões pela Inteligência Artificial. Se formou? Domina bem os conhecimentos de sua área? Que pena, não é o suficiente. Um aplicativo faz mais rápido e melhor do que você (e custa bem menos).
Muitos especialistas já chamam os millennials de “a geração falida” e até os culpam pelo próprio fracasso. Por mais que muitas coisas tenham sido facilitadas para eles, como as possibilidades permitidas pela digitalização, em contrapartida mais coisas ainda a eles foram dificultadas.

Sair da casa dos pais estando solteiro e antes dos 30? Isso sim agora é luxo. O salário não tem mais o mesmo poder de compra. Os empregos não promovem mais a mesma estabilidade. Passar num concurso público? Boa sorte ao concorrer com outros 500 candidatos pela mesma vaga.

Não é de se admirar que tantas pessoas tenham optado por relacionamentos não convencionais. Ora, deve ser mais fácil viver se as contas forem divididas por três (ou mais) pessoas. Também não é uma surpresa tão grande que tantos casais optem por não ter filhos para não dar a eles a missão de sobreviver a um futuro apocalíptico, seja ele qual for (crise climática, guerra nuclear, morte das democracias, extinção dos direitos humanos básicos, outra pandemia global, etc.).

Alguns professores já estão justificando o conservadorismo das gerações Z e Alfa como uma forma deles de se opor ao que foram os millennials. “Por que eles iriam se espelhar em adultos que estão tão descontentes?”, disse um professor em uma mesa de bar uma vez. Tudo piorou depois da Crise de 2008? Não se sabe. Na verdade, foi depois da Pandemia da Covid-19? Pode até ser. Porém, parece que chegou a vez deles, mas quem jogou os dados foram outras pessoas — e quem andou as casinhas, com certeza, não foram os millennials.

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