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Quando a imagem vale mais que mil palavras

O registro gravado em 14 de junho de 2025, em um shopping de luxo de São Paulo, expôs mais do que um fato isolado: revelou a face crua de uma elite alheia à empatia. Uma jornalista de 61 anos, em pleno exercício da cidadania, proferiu insultos homofóbicos contra um jovem e o acusou de “assassino” sem qualquer fundamento – apenas para inverter a narrativa depois de seu próprio comportamento ser registrado em vídeo.

E, como se o ato já não fosse grave, o que veio em seguida no 3º Distrito Policial intensificou ainda mais a falência ética. Na delegacia, ao ser questionada pelos policiais civis, ofendeu-os com xingamentos. Essa escalada de desrespeito mostra que não se trata de um “momento de fragilidade”, mas de uma postura: desafiar a autoridade legal, à frente de testemunhas, demonstra um sentimento de impunidade inadmissível, especialmente vinda de alguém cujo ofício é informar — e instruir.

É impossível negar o papel transformador da imagem no combate à injustiça. Sem os registros, teríamos apenas duas versões: a do ofendido, sem voz; e a da jornalista, em posição de insuperável autoridade. As gravações, no entanto, trouxeram à tona sua fala agressiva e sua conduta desrespeitosa com a polícia, reacendendo a discussão sobre responsabilidades cívicas.

Vivemos em uma era em que qualquer comportamento discriminatório pode ser registrado e rapidamente julgado – pela lei e pela opinião pública. O que essa senhora julga ser “excesso” mostra, na verdade, um déficit de civilidade. A Justiça, quase sempre lenta em casos de intolerância, precisa caminhar em passo firme quando o crime é verbal ou simbólico. E a sociedade, por meio de sua vigilância — via imagens, celulares e redes sociais — cobra reações imediatas e exemplares.

Espera-se que os tribunais — e, primeiro, a autoridade policial — deem o recado com clareza: desrespeito à dignidade alheia, homofobia e desacato à autoridade não se perdoam. Quem tem voz, microfone, câmera ou credencial de imprensa assume, por contrato social, a obrigação de elevar o debate — e não o tom da agressão.
E não é questão de idade ou história de vida: aos 61 anos, a jornalista foi chamada pela própria plateia a agir como adulta, a respeitar. A filmagem mostra um comportamento tão distante daquilo que se espera de quem vive ou viveu da notícia que o resultado parece natural: a violência verbal gritou tanto que a frase “é só mais um dia de trabalho” virou piada amarga.

A imagem não apenas retrata — ela responsabiliza. E é urgente que sirva de alerta: a alienação prolongada embrutece. O antídoto? Educação consciente, para todas as idades, que faça da palavra instrumento de diálogo, da diferença ponte e não barreira, do respeito a base da convivência. Mesmo com mínima punição, que a vergonha e os comentários contra a jornalista sirvam de exemplo para que cenas como essas não se repitam em nossa sociedade.

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