A Justiça de São Paulo determinou que os serviços públicos de Diadema sejam mantidos normalmente nesta quinta-feira (5), apesar do anúncio de greve feito pelos servidores municipais. A decisão, assinada pelo desembargador Artur César Beretta da Silveira, tem como principal objetivo evitar prejuízos à população, especialmente aos alunos da rede municipal de ensino, que poderiam ser diretamente afetados pela paralisação.
Além disso, a medida judicial estabelece que, no mínimo, 70% dos serviços da Prefeitura sejam mantidos, sob pena de multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento. Nesse sentido, a determinação não se limita apenas aos serviços essenciais, mas também se estende a todas as áreas da administração pública, visando garantir a continuidade dos atendimentos durante o período de mobilização.
A greve foi deflagrada após a aprovação, em regime de urgência, do projeto enviado pelo Executivo na última sessão da Câmara Municipal, realizada no dia 29 de maio. A proposta prevê um reajuste salarial de 4,87%, dividido em duas parcelas — 2% a partir de maio e 2,87% em outubro —, além da criação de um auxílio-saúde no valor de R$ 133,40. Contudo, a medida foi considerada insuficiente pelos servidores, que decidiram cruzar os braços em protesto.
Ainda mais, o movimento grevista não surgiu de forma isolada. Em meio a uma severa crise fiscal, o SINDEMA — Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema — já havia realizado uma paralisação parcial no último dia 15, acompanhada de um ato político na Câmara Municipal. Na ocasião, o sindicato argumentou que a proposta salarial apresentada pela gestão do prefeito Taka Yamauchi – MDB “poderia — e deveria — ser melhorada”.
Porém, segundo a Prefeitura de Diadema, a atual administração realizou diversas rodadas de negociação com o SINDEMA, todas sem sucesso. A gestão municipal destaca que o reajuste aplicado segue os mesmos índices de cidades vizinhas do ABC, como São Bernardo, que concedeu 4,87% em duas parcelas; Rio Grande da Serra, com 4% também divididos; Ribeirão Pires, com 5,06%; Santo André, com índices entre 5,48% e 7,91%; e Mauá, que optou por um abono de R$ 1.300,00 parcelado em 10 vezes.
Do mesmo modo, o sindicato apresentou uma contraproposta, reivindicando 7% de reajuste salarial, além de um aumento de R$ 100 no vale-alimentação. Para a entidade, os valores propostos não apenas desconsideram a data-base da categoria, como também impõem aos trabalhadores o peso das dificuldades econômicas do município.
Por outro lado, a Prefeitura defende que a proposta apresentada é responsável e compatível com a realidade financeira de Diadema. Em outras palavras, a administração alega que o município enfrenta um rombo orçamentário que pode chegar a R$ 4,2 bilhões, herdado da gestão anterior do ex-prefeito José de Filippi Júnior – PT. Ainda assim, ressalta que conseguiu economizar R$ 10 milhões nos primeiros 100 dias de governo, justamente para tentar equilibrar as contas e manter os serviços.
MARCOS FIDELIS