A Scania planeja um novo capítulo em sua trajetória industrial no Brasil com a produção de veículos elétricos em São Bernardo do Campo, prevista para começar em 2027. A informação foi confirmada pelo presidente e CEO da montadora na América Latina, Christopher Podgorski, que destacou a maturidade dos estudos sobre a viabilidade da operação. “Temos um estudo bastante aprofundado, que ganhou muita maturidade e viabilidade. É isto que estou ambicionando e, se der certo, estaremos produzindo, efetivamente, no fim de 2027”, afirmou à Agência AutoData.
Além disso, o executivo explicou que a empresa já vem testando seus veículos elétricos no país desde 2022. Atualmente, um ônibus a bateria da marca é usado para transportar funcionários na própria fábrica e, a partir de setembro, será produzido localmente. Ainda mais, o modelo passará a ser testado em operação real pela SPTrans, integrando a frota de transporte público da cidade de São Paulo.
Contudo, o projeto de eletrificação da Scania não se limita aos ônibus. O caminhão 100% elétrico da marca, lançado no Brasil em outubro do ano passado, já realiza o abastecimento da fábrica a partir do centro logístico de Vinhedo (SP). Em outras palavras, a tecnologia vem sendo aplicada em operações concretas, mesmo antes da produção nacional. Por ora, os caminhões seguem importados da Suécia – incluindo as três unidades já vendidas à PepsiCo e à transportadora Reiter Log.
Apesar disso, os preços praticados são similares aos que a Scania espera aplicar quando os veículos forem produzidos no Brasil, mesmo com a tarifa de importação de 35%. Ou seja, a estratégia da empresa neste momento inicial é renunciar à margem de lucro para garantir visibilidade ao novo produto e viabilizar sua presença em rotas estratégicas como Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, que já contam com infraestrutura de recarga.
Nesse sentido, a implantação da linha de produção elétrica ocorrerá em três etapas. Na primeira fase, os investimentos serão contidos, até que o mercado demonstre demanda suficiente. A capacidade inicial será de 250 unidades por ano — volume ainda modesto diante do potencial produtivo da planta, que é de até 30 mil veículos anuais. Contudo, conforme os pedidos aumentarem, os aportes serão ampliados progressivamente.
Do mesmo modo, o plano de longo prazo é integrar em uma mesma linha de montagem os modelos a diesel, a gás e elétricos. Essa estratégia reflete o entendimento da Scania sobre o futuro do transporte: diversificado, tecnológico e sustentável. “Dentro do futuro eclético em que acredito, os elétricos estão incluídos no ecossistema do mercado brasileiro”, resumiu Podgorski.
Todavia, os elétricos não são a única frente de crescimento da marca no país. Após registrar aumento de 12% nos serviços em 2024, a Scania projeta uma expansão ainda maior para 2025, com estimativa de crescimento de 15% nesse segmento. Juntamente com os produtos, a empresa aposta em uma abordagem mais consultiva e personalizada, apoiada em dados e conectividade.
Em outras palavras, o foco está na fidelização da base de clientes. Hoje, cerca de 70% dos 110 mil caminhões Scania em circulação com até 10 anos de uso já estão integrados ao ecossistema de serviços da empresa. Agora, o esforço é conquistar os 30% restantes, principalmente os “segundos donos” — ou seja, clientes que compram veículos usados e frequentemente realizam manutenção fora da rede autorizada.