Sempre que alguém fala em Orlando, a conversa vai direto pros parques: Disney, Universal, os personagens, as atrações. Parece que a cidade inteira foi reduzida a um roteiro pré-fabricado que gira em torno de filas, selfies e lojinhas temáticas. Mas a verdade é que os parques são apenas uma parte de uma cidade muito maior, com uma oferta riquíssima de restaurantes, atrativos diferenciados e paisagens deslumbrantes que quase ninguém se dá ao trabalho de explorar.
Em Winter Park, vale caminhar pela Park Avenue, visitar museus locais e fazer o passeio de barco pelos canais. Kissimmee surpreende com seus voos de balão ao amanhecer, trilhas em reservas naturais e eventos comunitários — experiências em que você pode encontrar mais do que tranquilidade: é comum cruzar com animais da região, como coelhos, cervos e até os famosos jacarés. Celebration, apesar do ar cenográfico, oferece cafés à beira do lago, ciclovias arborizadas e passeios tranquilos. Orlando também tem outlets, galerias de arte e feiras gastronômicas que provam que a cidade respira muito mais do que magia fabricada.
O turismo em Orlando foi moldado para manter o visitante dentro de um ciclo fechado de consumo: você entra nos parques, compra, tira fotos, se encanta e repete. Ao limitar a experiência turística ao consumo imediato e à diversão roteirizada, pouco espaço é dado ao improviso, à descoberta genuína, ao contato com a cultura local. Nessa lógica, a cidade real acaba invisível para quem só enxerga o próximo ponto do mapa turístico. Reconhecer essa dimensão mais autêntica é também um exercício de olhar crítico sobre o turismo que praticamos e sobre o que escolhemos valorizar nas nossas viagens — não apenas em Orlando, mas em tantos outros destinos.
Darah Novaes
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