O Palácio do Planalto ainda não compreendeu a gravidade da crise em que está inserido. Na semana passada, um tema específico dominou a mídia brasileira: a nova regra implementada pela Receita Federal sobre o Pix, que rapidamente se tornou um debate nacional.
O estopim da discussão foi um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que alcançou impressionantes 320 milhões de visualizações. Em resposta, o governo editou um decreto proibindo a suposta taxação do Pix, medida que, ao invés de dissipar a polêmica, acabou reforçando a narrativa do parlamentar. Na tentativa de conter os danos, foram acionados o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP).
No entanto, a resposta tardia do governo limitou o impacto da estratégia, convertendo-se apenas em discurso para a militância
O vídeo de Nikolas gerou um engajamento pelo menos três vezes maior que o de Érika, e há razões para isso. O deputado mineiro abordou questões que afetam diretamente a sociedade, trazendo preocupações reais da população. Em contrapartida, a resposta do governo se concentrou em reviver os fantasmas de uma gestão passada. A incapacidade do Palácio do Planalto de construir uma narrativa eficaz reflete um problema maior: uma crise de credibilidade. E é exatamente esse ponto que Nikolas soube explorar.
A chegada de Sidônio Palmeira à Secom pode trazer mudanças nesse cenário, mas um marketeiro não faz milagre. O governo precisa urgentemente de uma marca, o que só pode ser conquistada com programas e projetos bem-sucedidos podem gerar uma imagem positiva.
O próprio presidente Lula já declarou em reunião com seus ministros que “a eleição já começou”. A questão agora é: como esse governo chegará lá?
Ailton Bosi publicitário e especialista em marketing político.
