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Três coisas para saber antes de comprar brinquedos às crianças

Francisco Neto Pereira Pinto

Dentre as festividades de final de ano, o Natal é uma das mais esperadas, talvez pela magia que os presentes trazem consigo. O espírito de generosidade e o desejo de presentear dominam o cenário, e é exatamente nessa época que o comércio se prepara intensamente para a temporada de vendas. Os adultos, em especial os pais, se empenham em escolher os melhores presentes, enquanto as crianças, espertas e já ansiosas, esperam com viva expectativa pelo que vão ganhar.

É neste contexto que chamo a atenção para a relação entre o “brincar” e os brinquedos, com uma provocação interessante: o que você deve considerar ao escolher um brinquedo para seu filho, principalmente se for caro?

O primeiro ponto a considerar na escolha de um brinquedo é compreender a importância da brincadeira na vida infantil. Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, comparou o brincar da criança ao trabalho para o adulto e ao processo criativo para o artista. Em todas essas atividades, há um sério empenho e gasto considerável de energia. Muitas vezes, os adultos, por terem esquecido as nuances de sua própria infância, podem ver a brincadeira como um desperdício de tempo. No entanto, para a criança, brincar é uma atividade essencial, levada muito a sério, e que é de grande importância no seu desenvolvimento.

É crucial entender que a relação da criança com o brinquedo fabricado é muitas vezes bastante precária. E é aqui que chegamos ao segundo ponto: esses objetos são frutos da imaginação de outra pessoa – um adulto – que impõe suas próprias ideias de diversão. Inicialmente, o encanto é inegável, mas trata-se de um fascínio passageiro. Para que o interesse da criança se mantenha vivo, o brinquedo deve oferecer oportunidades para que ela crie, dê asas à sua própria imaginação e expanda seu universo. De modo geral, o que as crianças realmente necessitam são de chances de criar e construir seus próprios brinquedos. Conforme o psicanalista francês Jacques Lacan, qualquer objeto pode se transformar em um brinquedo nas mãos de uma criança. Quem nunca viu uma vassoura virar um cavalo ou um lençol transformar-se em uma cabana? Assim, os brinquedos comercializáveis atendem mais às necessidades dos adultos de manterem as crianças ocupadas e satisfeitas, do que a uma necessidade real.

Por último, antes de comprar um brinquedo para o filho, especialmente se for caro, os pais devem estar cientes de que, em algum momento, a criança irá quebrá-lo. Isso porque no brincar, os pequenos assumem uma posição ativa – elas comandam e se tornam autoras no universo lúdico. Isso pode frustrar os adultos, que esperam que a criança cuide dos brinquedos e os preserve. No entanto, brincar é explorar e dar asas à curiosidade, como pequenos pesquisadores. Elas querem saber como o brinquedo funciona, interessando-se não apenas pelo resultado, mas, talvez, muito mais pelo processo e pelo funcionamento dos brinquedos.

Assim, antes de comprar um brinquedo para uma criança, é importante que o adulto tenha bem em mente a importância do brincar para o desenvolvimento infantil e como a criança se relaciona com o brinquedo. Um bom brinquedo deve ser um estímulo à brincadeira, oferecendo oportunidades para que a criança possa criar, imaginar e expandir seu próprio universo. Ao priorizar brinquedos que fomentem a criatividade e a autonomia, os pais estarão contribuindo de maneira significativa para o crescimento saudável e integral dos pequenos.

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Francisco Neto Pereira Pinto é doutor em Ensino de Língua e Literatura. Professor e psicanalista, também é escritor e assina o título “À beira do Araguaia”

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