O que muitos podem estar pensando neste momento é: por que o dólar aumentou tanto? Será que é culpa deste pacote de gastos do governo? Em certo ponto, sim, pois o mercado não gostou de algumas proposições, principalmente pela questão de que não vai melhorar de fato a economia.
Porém, vem a pergunta simples: o mercado dita a economia? No início do século XX, o mercado ditou a economia. O modelo fordista de produção e a ideologia de Adam Smith fizeram as empresas dominarem o setor. Os Estados Unidos foram o grande credor do mundo no pós-Primeira Guerra, ajudando os países da Europa a se salvarem do conflito e a se reerguerem.
Todavia, a grande questão foi que o país deixou a economia ser ditada por dois modelos que, no fim, revelaram-se um fracasso, fazendo os EUA quebrarem, já que não tinham dinheiro e que tudo não se passava de uma especulação. Veio o New Deal e o Estado passou a ditar os ritmos da economia, fazendo os EUA crescerem novamente, com o modelo de produção de Keynes.
O Brasil não vai passar por uma quebra da Bolsa de Valores nem está sendo o credor do mundo. Só que a nossa economia, hoje, está muito dependente dos gastos do governo, com as contas públicas sufocando grande parte do PIB e os gastos cada vez mais aumentando, principalmente com os aposentados e a máquina pública crescendo de forma desordenada.
Por isso, o mercado — leia-se empresas — não gostou do pacote de gastos, porque o corte será superficial, não profundo. O Brasil precisa, novamente, de afirmativas que façam com que a dependência do Estado seja menor e que o mercado passe a ter também voz no PIB e na economia.
Um concurso de 3.500 vagas dos Correios tem mais de um milhão de inscritos. Isso é bom ou ruim? O nível de desemprego continua na casa de 7%, e as pessoas não têm tanta estabilidade financeira. Tudo isso pesa na conta das empresas na hora de fazer a economia girar.
O dólar vai continuar a subir como forma de pressão para que alguma medida enérgica venha, seja do Congresso ou do próprio governo. Caso contrário, o país não vai quebrar em si, mas ficará estagnado, sem crescer e com risco de entrar em depressão.