É inegável o crescimento da esquerda sulsancaetanense após o pleito deste ano, a
depender do ponto em que se observa tal evolução. Sabe aquela história do copo meio cheio
ou meio vazio? Pois bem, PT e PSOL – principais protagonistas desta história – melhoraram
substancialmente seus resultados, em números absolutos, mas a matemática pode mascarar
um flagrante potencial que, ano após ano, parece sucumbir ao ego de alguns dirigentes
partidários.
Senão vejamos, o PSOL – que desde o último pleito municipal assumiu flagrantemente a
condição de principal partido de oposição na cidade – obteve 8.161 votos em sua chapa
majoritária, encabeçada pelo Professor Rafinha, um substancial aumento de 99%, se
comparado ao desempenho de Horácio Neto, escolhido pelo partido para disputar o Paço em
2020. Em percentual, o aumento da votação petista foi ainda mais contundente, saindo de
modestos 1.709 votos em 2020, com João Moraes, para 4.315 este ano, com Jair Meneguelli,
quadro histórico do partido. O crescimento da legenda foi de 152%.
Para além dos números listados acima na votação para prefeito, os partidos de centro,
direita e extrema direita, sempre dominantes em São Caetano, tiveram de assistir a um
desempenho histórico na disputa pelas 21 cadeiras da Câmara Municipal, estabelecido na
massiva votação da reeleita Bruna Mulheres por mais Direitos (PSOL), que liderou a votação
proporcional na cidade com 5.848 votos, 2.747 a mais que o atual presidente da Câmara, Pio
Mielo (PSD), segundo colocado geral. O mandato psolista obteve um crescimento de 178%
ante a votação de 2020.
Entretanto, o recorte positivo, ou o copo meio cheio, como preferirem, param por aí. O
tal orgulho intrínseco de PT e PSOL – histórico – impedem ambos de crescerem ainda mais e
ganharem musculatura, ante a um cenário absolutamente consolidado da situação. Feitos
água e óleo, insistem em tentar repercutir na cidade rusgas existentes em outras praças,
todavia, com realidades antagônicas. O resultado disso é um quadro que engana, mas que se
observado a fundo, demonstra de maneira clara e objetiva, um encolhimento da esquerda
na cidade, muito embora, haja crescimento pontual.
Os desempenhos de petistas e psolistas à vereança na cidade foram pífios. Não é
complexo entender que, afora as prioritárias candidaturas de Vera Salustiano (PT) e Bruna
(PSOL), as chapas seguem suas sagas, recebendo tímido apoio das direções partidárias de
ambas as legendas e, não por acaso, não atingem a cidade e obtém números nada eficazes,
para não dizer, vexatórios. Tal desprezo partidário é, inevitavelmente, o que compromete,
eleição após eleição, a conquista de cadeiras por parte da oposição. Contudo, PT e PSOL, de
mãos dadas com projetos próprios, parecem não quererem enxergar isso e seguem
numericamente minúsculos na Câmara.
Cabe a reflexão, tanto para PT quanto para PSOL, sobre a possibilidade de superarem suas
vaidades e objetivos específicos, a fim de oportunizarem uma melhor condição de
enfrentamento na cidade, estabelecendo uma perspectiva de debate mais pujante. As
eleições deste ano – que poderiam ter tido uma chapa única PT/PSOL -, não apenas deram
uma vitória acachapante a Tite Campanella (PL), que abocanhou quase 60% dos votos, como
também manteve, estabelecida e intacta, a hegemonia da direita na cidade.
Sobrou ao PSOL um único mandato, o mesmo da atual legislatura, com honradez e
legalidade para espernear. Ao PT, nem isso. Os dois grandes expoentes da esquerda
claudicante tropeçam de forma quase que literal em suas próprias pedras, optam por jogar
luz a projetos específicos e desprovidos de fôlego, em detrimento de uma pauta comum
capaz de contemplar uma militância cada vez mais órfão e abandonada.
Roberto Vieira
Instagram: @robertovieira.scs
X: @robertoo_vieira
Email: rvieira.comunicar@gmail.com
