Voto contra aumento de pena por roubo afasta eleitores de Marcelo Lima
Antes de ser cassado, o ex-deputado foi contrário ao projeto de Lei de Kim Kataguiri
A carreira de Marcelo Lima como deputado federal durou cerca de nove meses, mas essa gestação trouxe consequências graves para o são-bernardense, que até hoje se sente traído por ter dado o voto ao ex-parlamentar cassado. Com baixa produtividade, ele ainda votou contra o projeto de lei 3780/23, que aumentava a pena por roubo, furto e latrocínio contrariando sua base eleitoral.
A reportagem conversou com algumas pessoas. Nenhuma delas quis se identificar por medo de ser atacada. Uma moradora da Vila Euclides disse estar muito preocupada com o futuro da cidade, principalmente pela onda crescente de violência. “Depois daquele crime bárbaro que invadiram a casa de um casal de idosos e mataram a esposa de 80 anos, nunca mais dormi bem”, explicou.
O caso a que a moradora se refere ocorreu em 2023. Quatro bandidos armados invadiram a casa de um casal enquanto dormiam. Eles agrediram os dois e as filhas. A mulher não resistiu ao espancamento e faleceu no local. Uma câmera de vigilância flagrou a entrada e saída dos criminosos, que passaram cerca de uma hora torturando a família e levaram pertences das vítimas.
A lei na qual Marcelo Lima votou contra aumentaria a pena de crimes como esse. No caso de latrocínio – roubo seguido de morte -, o condenado pegaria de 20 a 30 anos. Com a mudança na legislação, o criminoso cumpriria no mínimo 24 anos de pena. Mais rigidez na condenação significa um mecanismo maior para inibir a atuação de quadrilhas e proteger as famílias são-bernardenses.
São Bernardo do Campo ainda se destaca negativamente em outra estatística, fica entre as 50 cidades onde mais ocorreram roubos de aparelhos de celular, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A média foi de 833 roubos e furtos para cada 100 mil habitantes no ano de 2023.
Na Rua Marechal Deodoro, no limite com o bairro de Ferrazópolis, uma vítima de roubo de celular que não quis se identificar foi enfática. “Vi que o Marcelo foi contra aumentar pena por roubo, mas manda ele vim [sic] aqui na que quebrada conversar com o povo. Eu mesmo já perdi uns três celulares pra bandidagem”, questionou.
No caso de roubo, o projeto de lei também estabelecia a pena mínima de roubo de 6 anos – antes eram 4. Ainda aumenta 1/3 para dispositivo eletrônico ou informático.
