Com curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana, projeto destaca a influência das línguas iorubá, eve-fon e do grupo banto no português falado no Brasil e na cultura nacional por meio de registros audiovisuais, obras artísticas e interatividade
A mostra Línguas africanas que fazem o Brasil explora linguagens verbais e não-verbais, por meio de experiências audiovisuais, imersivas e sensoriais, para jogar luz na interferência africana no português falado no Brasil. O visitante descobrirá palavras oriundas de línguas africanas que fazem parte de nosso vocabulário e também entenderá de como forma as culturas da África reverberam em outras manifestações brasileiras, seja na música, na arquitetura e nas festas populares.
A exposição conta com vídeos-instalação da artista visual Aline Motta, esculturas de Rebeca Carapiá, tecidos da designer Goya Lopes e uma obra do multiartista J. Cunha, além de fotografias espalhadas pelo espaço expositivo. Televisores exibem registros de manifestações culturais afro-brasileiras, e uma sala imersiva e interativa surpreenderá o público com projeções artísticas quando enunciar palavras como axé, afoxé e zumbi.
A primeira vista da novíssima exposição do Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo, Oferece também um bonito cenário composto por palavras absolutamente triviais da rotina de muitos brasileiros. Fofoca, cochilo, caçula e canjica, entre outros termos, são exibidos impressos em grandes painéis de madeira, ladeados de cortinas de búzios e miçangas. No verso de cada um dos painéis, um espelho serve para que o visitante se veja entre as palavras. Mesclando arte e informação, o cenário inicial da mostra comprova de maneira imagética e verbal que as linguagens africanas são presentes e influentes no português falado no Brasil, até os dias de hoje
Outra obra do artista plástico J. Cunha, que exibe um tecido estampado com a frase “Civilizações Bantu”. Este tecido vestiu o primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, durante o Carnaval de 1996. Além disso, cerca de 20 mil búzios, usados em práticas divinatórias da tradição afro-brasileira para conectar o mundo físico ao espiritual, estão suspensos .
Quando : A exposição ficará em cartaz até janeiro de 2024, com entrada gratuita aos sábados. Mais informações podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.
Laura Yamane
@laurayamane