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Diadema retoma campanha contra LGBTfobia

No mês de combate à homofobia, campanha Diadema de Todos volta às ruas para sensibilizar comerciantes e consumidores; 80 empreendimentos aderiram apenas no primeiro dia

A Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades (CPOCD), ligada à Secretaria de Governo, voltou às ruas de Diadema nesta terça-feira (07), para mais uma etapa da campanha Diadema de Todos.

A campanha, que foi um sucesso ano passado, tem como objetivo atrair comerciantes da cidade a aderir à campanha de conscientização e a fixação de cartaz nos estabelecimentos, em local de fácil visualização para clientes e funcionários. A comunicação visual lembra que a prática de LGBTfobia é crime previsto em leis federal (equiparado ao racismo), estadual e municipal. Apenas no primeiro dia, 80 comerciantes já aderiram à campanha.

“Nossa principal proposta é intensificar durante o mês de maio a conscientização e convocar a população a quebrar estigmas e tabus sobre este universo, de forma simples e educativa, intensificando dentro de nossa cidade o debate sobre saúde, vida, corpos e sexo, de forma a manter o público de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais dentro do nosso ciclo e de nossa sociedade,” explicou Robson de Carvalho, coordenador titular da CPOCD.

Eudes Santana, 51, veio de Caruaru – mas está em Diadema há 41 anos e mantém sua loja de 1,99 nas imediações do Redondão: “A campanha é ótima, está de parabéns. Muita gente acha que tem que dar razão ao preconceito, mas eu acho que não. Temos que atender os clientes da melhor forma, sejam pretos, brancos ou coloridos. Não interessa. Sempre quis saber como procurar os Direitos Humanos caso presenciasse alguma situação assim e agora eu tenho os telefones no cartaz. Ótimo.”

Cirlene Ferreira Cavalcanti, 44, é sócia do Bar e Lanchonete do Gago, no Centro, que foi o primeiro estabelecimento a fixar o cartaz esse ano: “É maravilhoso que a Prefeitura esteja fazendo essa campanha, porque tem muita gente preconceituosa por aí. Aqui nunca tive problema, mas conheço gente que já sofreu homofobia e o cartaz vai me ajudar a orientar os clientes,” afirmou.

E o preconceito contra LGBTs atinge até quem está em seu local de trabalho, como apontou Larissa Rodrigues (e Stephani), 27, sócia-proprietária de uma loja de roupas: “Já vi clientes me olhando estranho, isso chateia a gente né? O preconceito, quando vem, é algo tão rápido e te pega tão de surpresa que nem dá tempo de agir direito. Mas acho muito bom que tenha esse tipo de campanha, ainda mais com o cartaz, pra deixar claro que isso é crime.”

Para não virar estatística

O Brasil registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBT+ em 2023, uma a mais do que em 2022, de acordo com levantamento realizado pelo Grupo Gay Bahia (GGB), a organização não-governamental LGBT+ mais antiga da América Latina.

O índice mantém o país na liderança como nação mais letal por homotransfobia do mundo. Os dados, coletados e analisados por voluntários, baseiam-se em informações coletadas na mídia, em sites de pesquisa da Internet e em correspondências enviadas ao GGB, uma vez que ainda não existem dados oficiais acerca de crimes de ódio contra esta população.

O estado que registrou mais mortes foi São Paulo (34), seguido de Minas Gerais (30), Rio de Janeiro (28) e Bahia (22). Entre as capitais, São Paulo (12 mortes), Rio de Janeiro (11 mortes), Manaus (10 mortes) e Salvador (8 mortes) são as mais violentas para a população LGBT+.

Mais de 65% das vítimas não possuem indicação de cor e etnia no levantamento. Entre os casos em que elas foram indicadas, 14,4% das vítimas eram brancas, 10,5% pardas e 10,9% pretas. Se agrupados pardos e pretos, eles totalizam 21,4% – 7% a mais do que a população branca. A maioria das vítimas (67%) tinha entre 19 e 45 anos.

“Diante dessa situação desastrosa, nossa campanha tenta realizar um amplo debate em nossa cidade para que possamos evitar o aumento desses números, intensificando também a formação de servidores públicos para melhor acolher as diversidades, com as campanhas Acolher & Transformar, Diadema: Meu Nome Importa e oficinas de empregabilidade,” concluiu o coordenador Robson. “Só assim construiremos uma Diadema digna e respeitosa para todos. Então, faça a sua parte nessa luta: Sofreu ou presenciou LGBTfobia, denuncie!”

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