EditorialHome

A genialidade de ‘Zona de Interesse’

 

Com estreia marcada para o dia 15 de fevereiro, o filme ‘Zona de Interesse’ já está disponível em algumas sessões especiais de pré-estreias pelos cinemas brasileiros.
Todo falado em alemão, o longa se passa na casa de Rudolf Höss, o comandante do campo de concentração mais brutal da Segunda Guerra Mundial, em Auschwitz. Em primeiro plano, o filme conta a história de Rudolf e sua família, principalmente no momento em que ele começa a suspeitar de uma possível traição. No entanto, o grande mérito desse filme espetacular é a história abordada nas entrelinhas. Nos dias de hoje, o termo “genial” vem sendo banalizado ao ser atribuído a pessoas ou trabalhos comuns, mas de qualidade. Porém, não há outro termo que não ‘genial’ para defi nir o que o diretor Jonathan Glazer fez neste filme.
A direção é a alma e o coração de ‘Zona de Interesse’, já que a família tradicional alemã vive seus dias perfeitos tendo os horrores de Auschwitz no quintal de casa, literalmente. Em meio a debates sobre
mudanças, peças de roupa e o que terá no jantar, o diretor insere o contraste da tortura sofrida pelos judeus a menos de dez metros de distância deles. É possível ver crianças brincando, enquanto timidamente se percebe gritos de agonia ao fundo.
O trabalho sonoro desse longa é brilhante, inserindo o público nas histórias paralelas de forma desconfortável e assustadora.
Da mesma forma, a fotografia brinca com os contrastes no enquadramento do mundinho colorido alemão com o céu acinzentado do campo de concentração.
E por ser um filme de detalhes, quanto mais atenção, mais cruel fica tudo. É de apertar o coração reparar nas chaminés soltando a fumaça dos corpos carbonizados o tempo inteiro, principalmente nas cenas de brincadeiras das crianças. Da mesma forma, os paralelos contados, como a história de João e Maria, que queimam a bruxa para fugir, são encaixados de forma impactante.

E no final, o diretor encerra o longa da forma mais densa possível. É um filme necessário para os tempos que vivemos atualmente, e que choca pela noção de que a vida humana não vale de nada. É uma banalização cruel que assola o mundo até os dias de hoje.

Mostrar Mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo