Já alguns anos tenho autoanalisado algo que talvez passe despercebido. A falta do silêncio devido ao avanço das tecnologias.
Nesta última década, estamos a todo instante, bombardeados por um barulho, uma poluição enorme que joga informações para o nosso campo mental e identidade. É uma transmissão confusa, que sem notar, estamos inseridos e “recebendo” de braços abertos, captando todo esse barulho externo.
Até que ponto sua autenticidade, individualidade, personalidade, atitudes e até transtornos estão sendo influenciados devido à ausência da necessidade da calmaria e silêncio interior sem a interferência do mundo virtual?
Nesta ultima década, era da inteligência digital e bombardeio de informação, redes sociais, vivemos 24h aprisionados com sugestões que nos induzem inconscientemente a atos e atitudes que por vezes, não nos pertence e é do outro, é do externo, é do mundo. O barulho do excesso de informações e conteúdos sem permissão de filtro de ‘spams’, entram em nossa casa, família e bagunçam a identidade de todos.
Como comunicologa, sou a favor do crescimento da boa e saudável comunicação e acredito que esta, em conjunto a tecnologia contribuíram para uma magnífica revolução. É notável, como em todas as áreas, as relações se tornaram rápidas, eficazes. As negociações, o giro de networking, transações comerciais, vendas, a não necessidade de locomoção as capitais com o home office facilitador de profissões, reuniões online. E as transações bancárias, o sistema judiciário então, que avanço!
Porém, é inevitável não observar como psicanalista e observadora da mente e almas, da sociedade e do mundo e alguém que foi do segmento de TI, Tecnologia da Informação, por mais de 15 anos, que em todo avanço há paralelos que se intercalam e estão a desequilibrar a nossa saúde mental pecando pelo excesso. Reflito as consequências e limites que essa movimentação de informações que ninguém pediu mas chegam, esse excesso de transmissões e nossa mente 24h em modo alerta possam nos levar no futuro. É preocupante.
O mundo anda barulhento. Nosso eu, nossa identidade, alma não silenciam. É o silêncio interior com nossas próprias características que nos sincronizam com nossas singularidades e nosso eu próprio, nossa identidade e energia.
O silêncio. Ainda consegue ouvir o seu? Cuidemos da nossa saúde mental filtrando o bombardeio de informações. Você é você, o outro é o outro.
Que seu silêncio te traga o tesouro da segurança de conservar sua personalidade.
Erika Martinez
