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Pesquisa da USCS estuda intervenção psicológica de apoio com música durante a quimioterapia

Trabalho foi realizado com 30 pacientes do Centro de Oncologia e Hemoterapia Luiz Rodrigues Neves, de São Caetano do Sul

 

 

 

A intervenção psicológica de apoio associada à música pode contribuir para diminuição da tensão, medo e angústia do paciente oncológico, com alteração nos sinais vitais após o uso destas intervenções, durante a quimioterapia? Esta foi a pergunta que norteou a pesquisa de Iniciação Científica (IC) das alunas Luciana Supino Geraldo e Natalia Marques Mendonça de Oliveira, do curso de Psicologia, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O trabalho foi orientado pela Profa. Dra. Nirã dos Santos Valentim, da USCS.

 

Segundo as idealizadoras do projeto, a escolha por este tema surgiu com o intuito de aprofundar o estudo a e pesquisa na interface entre psicologia e oncologia, dando ênfase à intervenção psicológica associada à música enquanto ferramenta terapêutica. “As pesquisas relacionadas à utilização da música evidenciam que pode ser um recurso importante quando aliada ao tratamento quimioterápico, promovendo alívio da dor, redução da frequência cardíaca podendo ser ainda, um agente promotor de bem-estar. Esses trabalhos mostram, sobretudo, que muito pode ser feito na área e sugerem, além disso, que mais pesquisas sejam realizadas para comprovar os benefícios oferecidos pela música ao paciente com câncer, especialmente como alternativas não farmacológicas”, registram as alunas de IC em seu relatório.

 

Para o Brasil, a estimativa realizada para o biênio 2020-2022 mostrou que ocorreriam cerca de 625 mil novos casos de câncer, sendo dentre todos, o câncer de pele não melanoma o mais incidente, atingindo por volta de 177 mil pessoas seguido do câncer de mama e próstata que podem afetar aproximadamente 66 mil pessoas cada um. Em sequência, aparecem as neoplasias de cólon e reto com 41 mil novos casos previstos, o de pulmão com 30 mil e estômago 21 mil. “Os números de diagnósticos no Brasil mostram que, no gênero feminino a maior incidência é o câncer de mama, com 66.280 novos casos, um percentual de 29,7% dos novos casos registrados. No gênero masculino, o câncer de maior incidência para os anos de 2020 a 2022 é o de próstata, compreendendo 65.840 novos casos, um percentual de 29,2% dos novos casos registrados”, explicam Luciana e Natalia.

 

Além da revisão teórica sobre o tema, as alunas de IC da USCS foram a campo, convidando 30 participantes com diagnóstico de câncer, em tratamento com quimioterapia, no momento da aplicação da medicação quimioterápica. A pesquisa foi realizada no Centro de Oncologia Luiz Rodrigues Neves, ambulatório de oncologia do Complexo Hospitalar Municipal de São Caetano do Sul que oferece tratamento oncológico, consultas e quimioterapia, pelo SUS. Os instrumentos utilizados na pesquisa de Luciana e Natália foram:

  1. a) Medição dos sinais vitais (pressão arterial sistólica e diastólica; frequência respiratória, saturação periférica de oxigênio e a frequência cardíaca);
  2. b) Músicas letradas escolhidas previamente, durante a aplicação de musicoterapia;
  3. c) Intervenção psicológica de apoio.

 

Entre os resultados obtidos, as alunas relatam que a música se mostrou importante durante o processo da intervenção psicológica, tendo sido bem recebida tanto pelos pacientes como pela equipe de saúde, mostrando-se uma ferramenta importante durante o tratamento oncológico. “Desse modo, a música pode auxiliar na construção ou no resgate das histórias dos sujeitos, sendo o trabalho com uso de músicas com letra um disparador de memórias. Assim, permitindo que o sujeito narrasse sua história através da música, seja pela letra ou pela lembrança que a melodia evocou, funcionando esta musicalidade como evocadora de narrativas, de encontros e de compartilhamentos, o que contribuiu no efeito terapêutico à medida em que possibilitou um maior contato e aproximação com seus sentimentos e emoções, favorecendo também um maior contato com aspectos inconscientes do sujeito”, explicam as pesquisadoras.

 

Luciana e Natalia contam que, após a análise de todos os resultados, e a partir das análises e conclusões, foi desenvolvido um protocolo de atendimento psicológico para pacientes oncológicos durante a quimioterapia, com medidas de cuidados terapêuticos com os pacientes, para profissionais. Esse protocolo será disponibilizado para o equipamento de saúde e seus profissionais. Parte da pesquisa foi apresentada no VI CONGRESSO BRASILEIRO E LUSO-BRASILEIRO DE PSICOLOGIA DA SAÚDE 2021, realizado nos dias 19, 20 e 21 de maio de 2021, intitulado “Intervenção Psicológica Breve com música durante a quimioterapia”, na modalidade Pôster.

 

De acordo com a Profa. Dra. Nirã dos Santos Valentim, orientadora do trabalho, os resultados foram importantes porque “A quimioterapia tem sido um dos maiores desafios para quem faz o tratamento oncológico devido às significações de que seus efeitos colaterais seriam mais intensos, e causariam maior sofrimento do que a vivência do próprio adoecimento por câncer. Oferecer, então, uma intervenção que se adeque ao momento da medicação, no próprio local onde ela acontece e compreendendo as representações de cada paciente pode promover bem-estar e tornar essa etapa do tratamento menos assustadora. A pesquisa das minhas orientandas Luciana e Natália, trouxe a confirmação científica de que há benefícios tanto psicológicos quanto físicos no atendimento psicológico breve com música durante a quimioterapia, o que pode contribuir como estratégia de psicólogos que trabalham na área da saúde”, avalia Nirã.

 

O Programa de Iniciação Científica da USCS é voltado aos estudantes de graduação, servindo de incentivo à sua formação, despertando vocações científicas e incentivando talentos potenciais dos estudantes de graduação na vida acadêmica, a partir do desenvolvimento de pesquisas com mérito científico.

 

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