Começo este artigo relembrando de uma frase, conversa, colocada pelo meu tio e padrinho de batismo João, casado com a irmã de meu saudoso pai, madrinha Ivani, na mesa de café da manhã em Santos. Meus padrinhos eram do ABC como eu sou e todos da família, mas se mudaram para lá para junto a minha vó paterna e madrinha para melhor qualidade de vida junto ao mar – que creio ter sido uma das melhores escolhas.
A frase, o diálogo, o ensinamento de meu padrinho que gravou meu coração iniciou-se após eu estar magoada com algo, comentei sobre e me recordo até da cena eu comendo pão com manteiga e tomando o café feito ainda pela minha amada avó italiana Ignez, já na casa nos 90 e poucos, nesta visita que os fiz no início deste ano, em janeiro.
A conversa foi mais ou menos assim:
” – Faça as coisas e não espere retorno, faça realmente, pois sentiu que seu coração falou com você sobre ajudar a pessoa. Se um dia você receber algo, esse retorno ou agradecimento será benção, caso contrário, você fez o que seu interior e sua consciência achou devido, faça por você, mas sempre sem esperar algo, pois assim você contribui para o universo, ajuda, mas não se decepciona se fizer espontaneamente e cresce como ser humano. Quando fazemos algo esperando o retorno não é de coração e possivelmente nos decepcionaremos – disse ele. Nem todos pensam ou somos iguais, às vezes o retorno vem por outras mãos, graças e bênçãos.”
Atualmente o mundo se baseia em troca, ou melhor, a troca sempre existiu, reiterando, não é atual. Desde os tempos primórdios, tratados, acordos de mercadorias, ela existe, a troca. Sim, vivemos em um mundo capitalista e da moeda, porém tudo tem que ser sempre mercadológico?
As atitudes genuínas, fraternas ou de caridade também fazem parte da nossa contribuição como ser, humano. Você pode ajudar o semelhante de diversas formas e com isso até temos um medidor de generosidade, evolução e empatia de outro ser e de nosso próprio ser.
A lição de não esperar nada em troca também diz sobre a constituição de caráter moral, evolutiva. Uma lição realmente que leva a reflexão.
Seria isso uma utopia? Não. Com o coração aberto, não.
Somos humanos, vivemos tempos difíceis. Existem raras, mas ainda existem sendo bonito e digno pessoas que valorizam o semelhante simplesmente como outro ser humano.
Somos humanos, não mercadorias.
Tudo que fazemos ecoa e o universo responde.
Obrigada padrinho por esta conversa. Por um mundo com mais compreensão, amor e caridade.
Erika Martinez
Comunicóloga, Psicanalista e Dermopigmentadora Paramédica.