A aluna Vangisla Costa Lionel, do Mestrado Profissional em Docência e Gestão Educacional da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), partiu da seguinte pergunta norteadora para realizar sua pesquisa: de que forma os professores da habilidade profissional técnica de nível médio consideram a participação ativa/passiva dos estudantes na constituição de suas práticas pedagógicas? Para tanto, além da revisão teórica, a estudante contatou docentes que atuassem em cursos de habilitação profissional técnica de nível médio no estado de São Paulo, quais sejam, o Senac e a ETEC, e solicitou preenchimento de questionário no Google Forms. Foram convidados cerca de 40 docentes via e-mail e outros via WhatsApp. Desse total, 19 profissionais aceitaram o convite voluntariamente e participaram da pesquisa.
Vangisla, cuja formação acadêmica se deu em Lazer e Turismo, pela Universidade de São Paulo (2014), conta que um dos maiores desafios do professor da habilidade profissional técnica de nível médio é desenvolver práticas pedagógicas que atraiam a atenção dos alunos e despertem a sua participação ativa. Isso porque, normalmente, essas salas de aula são compostas por adolescentes, jovens e adultos que apresentam diferentes características, interesses, níveis de conhecimento e necessidades. “Alguns docentes do ensino técnico ainda se valem da prática pedagógica de transmissão do conhecimento. Uma das razões para tal escolha seria a facilidade que teriam de expor o conteúdo disciplinar, sem se preocupar com a diversidade de gerações que compõem a sala de aula. Ademais, não há interesse em atingir cada uma delas, já que o envolvimento ativo do aluno não é importante dentro desta prática”, avalia a ex-aluna do PPGE-USCS.
Para a pesquisadora, é necessário que esse docente mantenha uma prática educacional que leve o estudante a uma aprendizagem significativa, pois a memorização de conteúdos não gera aprendizado. A falta de uma aprendizagem significativa faz com que o educando chegue ao mundo do trabalho despreparado, sem ter o conhecimento necessário para exercer a profissão. “Quando se sente motivado, o estudante tem mais facilidade e agilidade ao longo da aprendizagem; ele está ativo durante o processo, que acaba se tornando prazeroso. Em contrapartida, a falta desse sentimento leva à lentidão e à dificuldade no aprendizado”, salienta Vangisla.
Em relação aos resultados de sua pesquisa, a mestre em Educação pela USCS destaca que, acerca da compreensão dos sujeitos da pesquisa, no que tange à participação discente, em alguns momentos, foi possível constatar que a sua visão sobre o que seria um aluno que participa ativamente revela algumas atribuições de um educando cuja participação pode ser passiva. Isso porque a prática pedagógica desses professores ainda é muito influenciada pela educação tradicional, na qual o processo educacional é centrado no professor. Esse aspecto ficou nítido ao se verificar como eles elaboram suas práticas pedagógicas. “As estratégias de ensino utilizadas pelos docentes para envolver seus alunos no processo educacional são muito semelhantes às respostas que esperam dos educandos, referentes à participação. Eles utilizam atividades, perguntas e exemplos traçados já no início do planejamento de suas aulas. Com essas estratégias, esperam que os estudantes realizem as atividades pré-estabelecidas, que deem exemplos sobre o assunto e que façam perguntas sobre o conteúdo, pois, para os sujeitos da pesquisa, esse é um sinal de participação ativa. No entanto, isso pode denotar que o educando está apenas fazendo parte do processo, ou seja, não significa de fato que esteja tomando o processo educacional para si, e construindo-o com o professor”, sugere Vangisla.
A pesquisadora destaca que a análise de dados igualmente revelou que alguns professores ainda se veem como o centro do processo educacional. Contudo, outros têm consciência da necessidade da construção conjunta professor-aluno nesse processo e sabem da importância de um professor mediador. Como produto final de sua pesquisa, Vangisla elaborou propostas de diretrizes para o desenvolvimento de uma formação continuada destinada a professores da habilidade profissional técnica de nível médio, bem como a outros profissionais da área que se sintam motivados a participar. “Com isso, pretende-se aprofundar os conhecimentos dos docentes acerca das especificidades da participação ativa e das possibilidades de incorporá-la às suas estratégias de ensino”, finaliza a pesquisadora.
Segundo o orientador da pesquisa e professor da USCS, Prof. Dr. Ivo Ribeiro de Sá, o trabalho de Vangisla é importante porque “discute a formação pedagógica que os professores do ensino médio técnico possuem e além disso propõe um trabalho que considere a construção do conhecimento do estudante de maneira ativa e significativa sugerindo adaptações didáticas metodológicas que possam melhorar o processo ensino/aprendizagem. Nesse sentido, o estudo trás contribuições importantes que podem melhorar a prática pedagógica dos professores desse seguimento de ensino”, avalia o orientador.
A dissertação de mestrado de Vangisla Costa Lionel pode ser acessada em https://www.uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/arquivo/782.
O programa de Mestrado Profissional em Docência e Gestão Educacional da USCS tem como objetivo geral a qualificação de docentes e gestores para uma atuação profissional ética e transformadora de processos aplicados, no âmbito da Educação Básica, realizada por meio da integração do conhecimento teórico com o prático. Desta maneira, procura contribuir com a criação de práticas educativas reflexivas que colaborem numa atuação mais qualificada na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Média. Mais informações: https://uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/ppge/mestrado-profissional-em-educacao
