ArtigoHome

Pesquisa discute comunicação no atendimento público de saúde e população trans

Estudo analisa “Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo”

 

Com o objetivo de  questionar e investigar a tentativa de despatologizar a rede de saúde básica voltada a pessoas trans, levando em consideração a conscientização desse público em relação aos seus direitos, o aluno Lucas de Moraes Hamasaki partiu da seguinte pergunta problema: “Como um verbete na Wikipédia de ação comunicacional de interesse público pode contribuir para a divulgação do ‘Protocolo de atendimento a pessoas trans do município de São Paulo’”? Lucas concluiu recentemente seu trabalho de pesquisa no Mestrado Profissional em Inovação na Comunicação de Interesse Público da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Fruto da inquietação referente à pergunta acima surgiu a proposta de criação de um verbete na Wikipédia sobre o “Protocolo”, com os conceitos básicos explicados e as informações sistematizadas.

De acordo com Lucas, o tema de estudo surgiu a partir de uma vivência pessoal desta realidade. “O estudo teve sua origem a partir das minhas experiências e de conhecidos, pois sou um homem trans residente da Grande São Paulo. Durante a última década, tive contato com muitas pessoas que necessitaram do sistema público de saúde para realizar sua transição, além de eu mesmo ter sido atendido diversas vezes. Este estudo tem sua importância social, mas também pessoal”, conta o aluno do PPGCOM-USCS.

Lucas optou pela pesquisa documental tendo o “Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo”, publicado em julho de 2020, como seu objeto de estudo. O pesquisador lembra que o documento foi feito por uma grande colaboração de pessoas (o Comitê Técnico de Saúde Integral LGBTI, junto a diversas instituições parceiras) e serve para guiar os funcionários de unidades básicas de saúde (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de São Paulo ao atender pessoas transexuais e travestis. “A idealização do ‘Protocolo para o atendimento de pessoas transexuais e travestis no município de São Paulo’ deu-se, inicialmente, na priorização do Comitê Técnico de Saúde Integral LGBTI em atender às necessidades desta população, explica Lucas.

O “Protocolo” foi organizado por Ana Paula Andreotti Amorim e feito em parceria com diversas pessoas da área da saúde e de organizações LGBTQIA+. Seu principal foco é o tratamento humanizado da população trans pela rede pública de saúde e os direitos desta população. “É importante apontar que o ‘Protocolo’ é didático, contextualizando em primeira parte o seu leitor para conceitos básicos em relação à comunidade LGBTQIA+, como a linguagem utilizada e os termos essenciais para a compreensão das diretrizes”, relata o aluno do PPGCOM-USCS. Ele acredita que a preocupação principal de seu trabalho é em relação ao acesso à saúde. “São poucos os espaços públicos onde a população trans encontra um tratamento adequado às suas necessidades. O despreparo e o descaso encontrados nos espaços levam os indivíduos a tratamentos alternativos, que não necessariamente são saudáveis. A automedicação com drogas (lícitas e ilícitas), o uso inadequado de hormônios, a utilização de silicone industrial, a falta de educação sexual e muitos outros fatores deixam a comunidade trans vulnerável a problemas de saúde que poderiam ser evitados se houvesse uma política pública de maior alcance no país”, alerta o pesquisador.

Proposta de Intervenção – A partir dos resultados do estudo foi criado um projeto na Wikiversidade sobre o “Protocolo”, no qual será apresentada uma proposta de gestão da edição dos principais tópicos contidos no documento. Lucas justifica sua opção por este produto: “A partir do momento em que os verbetes estiverem online, mais pessoas terão conhecimento sobre como encontrar ajuda dentro do Sistema Público de Saúde na Região Metropolitana de São Paulo. Elas estarão informadas em relação a seus direitos e quais procedimentos podem seguir”, avalia.

A pesquisa de Lucas teve como orientador o Prof. Dr. Liráucio Girardi Júnior, que destaca a importância deste estudo: “Nosso novo mestre, Lucas Hamasaki, teve uma participação ativa no PPPGCOM/USCS, atuando como representante dos alunos e membro da CPG. Nossas primeiras conversas sobre o projeto inicial de pesquisa estavam centradas nas organizações voltadas para os processos de apoio, formação e contratação de pessoas trans e travestis para o mercado de trabalho. O lançamento do ‘Protocolo de atendimento a pessoas trans e travestis do município de São Paulo’, em julho de 2020, abriu novas perspectivas para o trabalho de pesquisa ao focar nos aspectos fundamentais de acolhimento, na orientação dessa população sobre seus direitos e ao direcionar-se, também, aos profissionais de Saúde das UBSs do município de São Paulo. As propostas de ação centradas na comunicação de interesse público sobre o Protocolo foram pensadas a partir da utilização das plataformas colaborativas da Fundação Wikimedia, basicamente, a Wikimedia Commons, a Wikiversidade e a Wikipédia”.

A íntegra da dissertação de Lucas de Moraes Hamasaki está disponível no link: https://uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/arquivo/777.

O “Protocolo de atendimento a pessoas trans do município de São Paulo” pode ser acessado em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Protocolo_Saude_de_Transexuais_e_Travestis_SMS_Sao_Paulo_3_de_Julho_2020.pdf

O projeto (em construção) está sendo desenvolvido na plataforma Wikiversidade: https://pt.wikiversity.org/wiki/P%C3%A1gina_principal/Protocolo_de_atendimento_a_pessoas_trans_e_travestis

O programa de Mestrado Profissional em Inovação na Comunicação de Interesse Público da USCS busca a capacitação de profissionais, nas diversas áreas do conhecimento, mediante o estudo de técnicas, processos, ou temáticas que atendam a alguma demanda do mercado de trabalho. Informações sobre o programa: https://uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/ppgcom/mestrado-profissional-em-comunicacao

Mostrar Mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo