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Após serem desabrigados pela segunda vez, moradores de Diadema protestam na Câmara

Moradores que ocupavam a região do Sítio do Caqui em Diadema foram até a Câmara Municipal nesta quinta-feira (23) para cobrar providências do Governo em relação a uma desapropriação ocorrida na semana passada.

 

 

Desocupação em Diadema gera manifestações e discussões na Câmara

 

 

 

Manifestantes desabrigados do Sítio do Caqui se uniram para cobrar na Câmara Municipal de Diadema, nesta quinta-feira (23), providências para o que chamaram de “ação desorganizada, autoritária e desumana” da prefeitura.

Na última quarta-feira (15), a Gestão realizou uma operação para desocupação de 12 barracos que estavam instalados no Sítio do Caqui, região sul de Diadema.

divulgação

Abuso

 

Os manifestantes denunciaram na Tribuna do Legislativo ações da GCM – Guarda Civil Municipal. “Eu fui agredida, crianças foram puxadas pelo braço, até mesmo uma grávida que estava lá na ocupação foi retirada”, conta Ana Paula Gomes, que morava no local.

O vereador Eduardo Minas – PROS, também denunciou a truculência da Guarda. “Uma força desproporcional e totalmente mal planejada, uma ação desastrosa que mancha a história da cidade. Eu mesmo fui atingido por spray de pimenta enquanto tentava dialogar e arrumar um caminho para os desabrigados”, diz Minas.

A ação foi acompanhada por técnicos da Prefeitura, Secretaria de Habitação, Secretaria de Meio Ambiente e Guarda Civil Municipal. “Fomos obrigados a sair em meio aos tratores, uma situação triste, eu só tinha aquele local para ficar, tudo que tinha estava ali”, completa Ana Paula.

 

Solidariedade

 

Com famílias e crianças no local e com a dificuldade de acesso e preparação de alimentos, a solidariedade motivou diversos voluntários, como Luciano Justi. “Quando vi o caso, vim até aqui pra sentir de perto. Independente da ação tomada pela Prefeitura, minha parte foi amenizar da maneira mais humanitária possível, oferecendo marmitas e mais de 300 quilos de alimentos”, conta Justi.

 

Abrigo

 

Após serem desalojadas, as doze famílias que ocupavam a área foram cadastradas em programas do Governo, como auxílio-aluguel. A questão, como conta Ana Paula, não é tão simples: “o problema é que não dá pra alugar uma casa com R$ 420 e, principalmente, da noite por dia. Ficamos sem ter para onde ir”, conta.

Com famílias sem teto e após negociações com a Gestão do município, os desabrigados foram temporariamente alojados no Ginásio João do Pulo, na região Norte. Após duas noites no local, as famílias foram surpreendidas enquanto ainda estavam em busca de imóveis para locação com a notícia de que “ninguém mais entrava ou saia do abrigo”.

 

Desabrigados do abrigo

 

“Fomos desabrigados de um local que deveria ser abrigo, pela segunda vez fomos jogados na rua. Eu mesma tive que ir dormir na Praça da Moça e lá eu sigo até hoje”, conta Ana Paula, que acompanhada de mais quatro pessoas têm encontrado no cartão postal da cidade um local para dormir.

 

Desfecho

 

Logo após as manifestações, representantes dos desabrigados, o líder do Governo Josa Queiroz – PT e o vereador Eduardo Minas – PROS, participaram de uma reunião no anexo do Plenário. Queiroz ofereceu para quem está na Praça da Moça a possibilidade de dormir no albergue municipal. “Não há o que ser feito, não é possível voltar atrás de uma decisão do Governo. O que posso oferecer é a possibilidade de dormirem na Casa Transitória enquanto vocês não arrumam uma casa para alugar”, propôs Josa.

Líder do movimento, Acácio Lamberti, afirmou que nada foi resolvido. “Viemos até aqui, querendo diálogo e uma solução humana e digna. A maneira como essas famílias estão sendo tratadas vai contra todas políticas sociais e habitacionais, isso não existe! Eles abriram mão do compromisso com os próprios eleitores deles”, diz.

 

Outro lado

 

A Prefeitura não respondeu os questionamentos em relação às acusações de abuso da Guarda Civil Municipal e sobre a situação atual das famílias, se restringiu a dizer que “cadastrou e concedeu Auxílio Aluguel a 12 famílias que ocuparam a área de preservação ambiental”.

Ao REPÓRTER, a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos, por meio de seu secretário Vagner Feitosa, destacou que, aliados à Secretaria de Habitação, vêm realizando diversos desfazimentos desde dezembro de 2022.

Para ele, “é fato que as doze famílias que ocupavam a área estão sendo usadas para criação de futuros loteamentos”. Vagner ainda destaca que existem famílias oriundas do Rio de Janeiro e que, por sua vez, a Prefeitura se comprometeu a oferecer as passagens de retorno, bem como o auxílio aluguel àquelas que são de Diadema.

“Jamais seremos omissos às nossas obrigações, pautado no bem estar das pessoas e na obrigação de fiscalizar áreas de mananciais, enquanto secretário não vou aceitar nenhuma invasão”, complementa Feitosa.

O secretário ainda destaca que a cidade de Diadema possui a maior densidade demográfica do país. “Fiscalizar e preservar é nosso papel, por isso não aceitaremos invasões nessas áreas, aproveito e lembro também que foi lavrado um BO – Boletim de Ocorrência por Crime Ambiental”, finaliza.

Licença

 

O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior – PT, solicitou nova licença de 15 dias para a fase final do processo de recuperação física depois de ter passado por procedimento cirúrgico para troca de válvula aórtica devido à endocardite bacteriana. Neste momento, Patty Ferreira – PT segue no comando do paço diademense.

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