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O misterioso caso do sumiço do nome de Martino de Martini

Humberto Domingos Pastore

    No Bairro Barcelona, em São Caetano do Sul, existe uma rua com o nome de Martino de Martini. Quem ler a placa existente na parede da Igreja São Caetano, (Matriz Velha), no Bairro da Fundação vai encontrar o nome de Martino de Martini. Mas estranhamente seu nome não faz parte dos imigrantes italianos.

Na placa consta o nome do pioneiro Martino de Martini.

        A listagem oficial é formada pelos patriarcas das famílias que vieram na primeira leva (28/07/1877) e na segunda seis meses depois, possivelmente no dia 4 de janeiro. Segundo estudo do professor José de Souza Martins teriam existido outras quatro vindas de famílias italianas.

 

Da primeira leva consta o nome de Francisco de Martini, e segundo a bisneta de Martino, (Madalena de Martini casada com João Batista Pinto), seu bisavô veio na segunda leva, apesar deste nome não constar na lista de Renato Belucci em seu livro “Pagine di veritá e di vita”, publicado em 1927 pelos cinquenta anos da vida dos imigrantes da Itália. Acredita-se que Martino seja irmão de Francisco, que aqui veio primeiro.

 

    Madalena, ainda residindo em São Caetano do Sul, informa que o título de propriedade do colono Martino de Martini indica que o lote nº 36 teve a posse regularizada só com o pagamento da última parcela dos 62,5 mil réis quitada em 12 de março de 1891, treze anos após a chegada.

 

    Esse documento prova que a terra não era distribuída pelo Império ou pelo Estado, mas sim comprada pelo imigrante que trocava a Itália em crise pelo Brasil que partia para a República já com a abolição oficial da mão de obra negra e escrava, segundo d ado relatado na coluna Memória de Ademir Medici.

 

    As informações sobre o título combinam perfeitamente com a pesquisa do professor José de Souza Martins, autor do livro Subúrbio. Ali o lote de Martini é identificado como vizinha de quatro outros lotes: ao Norte, o 35, de Domenico Bottan; ao Sul, o 37, pertencente a Francisco de Martini; a Leste, o 53, propriedade de Francesco e Girolamo Pizzolli; a Oeste, o 44, de Modesto Castelotti.

 

    O lote 36 de Martino de Martini media 30.880 braças quadradas, ou 149.459,56 m². Esta área fica hoje entre a Rua Amazonas e Avenida Armando de Arruda Pereira, num total aproximado de seis quarteirões. O título de posse traz a assinatura de Américo Brasiliense de Almeida Melo, o terceiro governador do Estado de São Paulo (março a dezembro de 1891) e o primeiro presidente do Estado de São Paulo. Aparece também a assinatura de Leandro Dupret, delegado da Inspetoria de Terras e Colonização.

 

    Agora o que resta é o mistério. Porque o nome de Martini de Martino não está incorporado ao rol dos imigrantes italianos? Mesmo sendo hoje nome de rua e de estar numa das primeiras placas em homenagem a estes pioneiros? Uma revisão destes dados, reconhecendo a vericidade se faz necessária.
    Quem vai tomar a iniciativa?

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