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A cantora e compositora Denise Mello lança ; A MULHER na CANÇÃO: a composição feminina na Era do Rádio

O livro é um valioso registro de 15 compositoras brasileiras que atuaram entre 1920 a 1960, trazendo em suas páginas a produção, a história e a luta destas mulheres contra o machismo, a homofobia e o racismo.

Entre as personagens estão: Almira Castilho, Marília Batista, Dilú Mello, Carmen Costa, Maysa e Dolores Duran.

“Com sua pesquisa detalhada e profunda, Denise Mello ilumina o caminho que leva ao conhecimento dessas mulheres compositoras cujas trajetórias foram obscurecidas não pela irrelevância de seus trabalhos, mas sim por uma imposição social que insistiu em negar-lhes o direito que sempre tiveram.

Regina Machado cantora e compositora, docente do Departamento de Música do IA Unicamp.

 

Se hoje Rita Lee, Joyce, Marisa Monte, Marina, Adriana Calcanhoto, Fátima Guedes e tantas outras são reconhecidas, nem sempre a história foi tão generosa com as compositoras brasileiras. Até que ponto conhecemos as canções escritas por mulheres antes de 1960? A inquietação da cantora e compositora Denise Mello resultou no livro A MULHER na CANÇÃO: a composição feminina na Era do Rádio.

O projeto surgiu após a sua pós-graduação em Canção Popular, em 2017. Com um grande material em mãos, Denise Mello resolveu seguir em frente com sua pesquisa, que resgatou a trajetória de 18 compositoras brasileiras, entre elas as únicas lembradas pelo público: Chiquinha Gonzaga, Maysa e Dolores Duran.

A MULHER na CANÇÃO se concentra nas compositoras que tiveram maior atuação na Era do Rádio, com nomes que obtiveram prestígio em vida, foram reportadas pelos principais jornais e revistas do período, principalmente no Rio de Janeiro, como a Revista do Rádio, Radiolândia, A Noite, Fon Fon, além de mídia em outros estados brasileiros. As compositoras foram divididas em grupos:

 

  • O primeiro grupo é de compositoras que iniciaram suas composições nas décadas de 20 e 30, são elas: Carolina Cardoso de Menezes (1916-1999), Lina Pesce (1913-2011), Laura Suarez (1917-199?), Marília Batista (1917-1990) e Dilú Mello (1911-2000).
  • O segundo grupo compôs a partir da década de 40: Aylce Chaves (1919-1993), Linda Rodrigues (1919-1995), Carmen Costa (1920-2007) e Stellinha Egg (1914-1991).
  • O terceiro grupo agrega compositoras a partir da década de 50, com Bidú Reis (1920-2011), Dora Lopes (1922-1983), Almira Castilho (1924-2001), Zica Bergami (1913-2011), Dolores Duran (1930-1959) e Maysa (1936-1977).

Completam os nomes Chiquinha Gonzaga, Maria Firmina dos Reis e Tia Ciata, nomes importantes e que merecem destaque, mesmo atuando antes dos anos em que Denise Mello se concentrou.  O livro traz a transcrição de cerca de 240 trechos de letras e links para ouvir as canções. A versão online poderá ser baixada gratuitamente, por tempo limitado, após o lançamento.

A pesquisa revelou fatos marcantes da carreira destas compositoras, vindas de todas as regiões do país, e que enfrentaram com coragem o machismo da época para apresentarem seus pensamentos e produções.  Carmen Costa e Dolores Duram ainda enfrentaram o racismo e Dora Lopes e Linda Rodrigues, a homofobia. “É inspirador conhecer a valentia de Chiquinha Gonzaga – que enfrentou tantas barreiras para obter sua profissionalização em pleno século XIX. E é lamentável que não se reconheça as inúmeras canções de Vera Brasil, que não são incluídas no movimento da bossa nova; infelizmente, algumas delas terão que aguardar um próximo livro”, fala Denise sobre os seus projetos.

A tarde de autógrafos de A MULHER na CANÇÃO: a composição feminina na Era do Rádio acontece nos dias 22 e 29 de maio, das 16h às 20h, no Antiquário Bar e Café, na Vila Mariana. Denise fará uma breve explanação sobre o livro e cantará trechos de canções.

É esse o propósito desta pesquisa de Denise Mello: contribuir para a mudança dessa “história oficial” – cada livro sobre nossas ancestrais é o reconhecimento da história de cada uma de nós.

Carô Mugel Pesquisadora Colaboradora do Departamento de História do IFCH/Unicamp

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