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“Afasta de mim este cálice”

Ulysses Molitor

 

Censura no Lollapalooza. A recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral em proibir manifestações políticas, impondo multa ao festival, mais impulsionou do que brecou as falas dos músicos que fizeram questão de exaltar o descontentamento com o atual momento político.

 

A luta entre o mau e o mau está só começando. O ano é de embate e, como na última eleição, manifestações vão causar impacto no resultado final. O lamentável não é o descontentamento de muitos contra o apoio dos paladinos da Justiça de outros. Triste é ver que, mesmo com uma Constituição Democrática e uma legislação clara quanto as suas regras, decisões apressadas e tendenciosas revigoram tempos sombrios de ditadura onde as falas eram submetidas a revisão prévia, situação que ironicamente permitiu a criação de clássicas músicas de poesia refinada e subliminar que há muito tempo não se vê. Falar que a Constituição assegura a liberdade de expressão é falar o óbvio.

 

Dizer que a indignação dos músicos caracterizou propaganda político-eleitoral é negar vigência à Lei Eleitoral n. 9504/97. Diz o art. 36 que a propaganda eleitoral só é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição, mas deixa claro no art. 36-A não ser propaganda eleitoral antecipada, desde que não haja pedido explícito de voto, a menção à candidatura e exaltação das qualidades de pré-candidatos, sendo autorizada também a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas.

 

O ano é importante para o cenário político e a justiça eleitoral deve se atentar às ações dos políticos para que a desinformação em massa não se sobreponha as livres manifestações.

 

As manifestações populares estão só começando e pouco importa a cor da camisa que o povo vai tirar da gaveta para ir as ruas. Só esperamos que ele possa continuar a ir as ruas pois o silêncio das cidades não se escuta. Já se dizia nos distantes anos 70, “como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano. Quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado”.

 

 

 

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