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Sindicalismo e a redução da jornada de trabalho

José Raimundo de Oliveira

 

 

Anos atrás e considerando o alto índice de desemprego no Brasil naquele momento o sindicalismo brasileiro manteve erguido em posição de destaque a bandeira em defesa da redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salário sob o justo argumento de que por meio de tal medida novos empregos seriam criados.

Cálculos realizados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apontaram que, com a redução da jornada, haveria nos dois primeiros anos da sua implantação a criação de 2 milhões e 256 mil novos postos de trabalho.

Além disso, com a jornada semanal reduzida e nas condições aqui defendidas os trabalhadores teriam disponibilidade de tempo para a realização de outras tarefas, tais como a busca pela qualificação profissional e também o descanso, incluindo-se nesse rol o lazer.

Por outro lado, esta mesma redução nas condições propostas permitiria ainda a valorização da hora/trabalho, vez que sua diminuição não implica em perda salarial. Ao contrário, representaria no final um ganho a mais.

Não obstante isso, significaria uma conquista moral, um sentimento de vitória, da mesma maneira como já ocorrido em todas as épocas em que se lutou e se alcançou essa redução.

Hoje, o desemprego encontra-se em patamar altíssimo e muitos dos que permanecem trabalhando enfrentam longas jornadas semanais. Aliás, a jornada de trabalho de 44 horas semanais é uma das mais extensas no planeta e experiências realizadas mundo afora vêm mostrando que a redução de jornada não traz prejuízo à produtividade, além de benéfica às condições de vida dos trabalhadores.

Estudo intitulado “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça” e realizado em 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostrou que, em média, as mulheres trabalhavam semanalmente 7,5 horas a mais que os homens devido à dupla jornada que inclui trabalho remunerado e tarefas domésticas.

Afinal, porque o sindicalismo brasileiro abdicou de uma bandeira histórica da classe trabalhadora em todo mundo?

Não seria a hora do sindicalismo e demais forças progressistas reinserirem essa questão no debate político, já que este ano teremos eleições nacionais e o próprio sindicalismo se articula de maneira unificada em prol de uma nova Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora)?

Por que não aproveitar o ensejo e inserir a proposta de redução da jornada semanal de trabalho sem redução de salário na Pauta da Classe Trabalhadora/2022, em elaboração por essa nova Conclat, bem como abrir o debate em sua defesa junto aos inúmeros candidatos neste momento em disputa pela presidência da República? Com a palavra os dirigentes e as dirigentes sindicais.

 

 

(1)  Historiador, Educador e Ativista Social

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