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POR UMA NOVA AUTONOMIA

José Roberto E. Xavier

 

Comemoramos hoje 72 anos da autonomia de São Caetano do Sul. Primeiramente, agradecer os audazes articuladores vivos do feito de 1948, Desiré Malateaux. Mário Porfírio Rodrigues e Ettore Dal’mas, e reverenciar a memória de todos os demais que já nos deixaram. A pequena grande São Caetano teve, nesse período,

  • apenas nove mandatários eleitos para o poder executivo,
  • indicando uma política conservadora que reflete o tradicionalismo das suas raízes familiares.
  • Experimentou grande desenvolvimento econômico com sua industrialização e ainda mais comércio nos seus exíguos 15km²,
  • sob o comando de núcleos oligárquicos de imigrantes ou migrantes que influenciaram sobremaneira nos processos eleitorais locais.
  • É hoje uma cidade acolhedora, de notável IDH por sua expectativa de vida,
  • renda per capita e Educação, ainda mais tornando-se um lugar de grande procura para se morar.

 

História de sucesso

 

Glória de um passado que cultuamos com gratidão. De acordo com Agora é uma urbe cosmopolita e a palavra autonomia não mais reflete posse de território; antes, deve-se consubstanciar na autodeterminação da sua gente que, com grau de discernimento acima da média, não abre mão de exercer sua cidadania, sua liberdade de escolhas, seu direito de opinar e participar sem constrangimentos e sem ameaças pessoais. Somos pouco mais de 160000 vidas inseridas no coração de uma megalópole, cercados pelos conflitos de 15 milhões de habitantes.

  • Não somos a ilha paradisíaca que a maquiagem do marketing político projeta na tela da fantasia;
  • não é possível construir muros para nos isolarmos da realidade que nos cerca, não devemos nos alienar.

Compreendido o óbvio, escancara-se a necessidade de governos com coalizões intermunicipais regionais ativas, pensantes coletivamente, articulados no âmbito estadual e federal e imunes às idiossincrasias entre prefeitos e prefeituráveis. Uma visão otimista de futuro não pode deixar de contemplar princípios básicos democráticos, como a alternância no poder, interrompendo ciclos que tendem a vieses de autocracia, a ranços coronelistas, tão bem descritos por Raymundo Faoro no seu clássico “Os Donos do Poder”. Além disso A arrogância e o ensimesmamento egocêntrico ditatorial são surdos aos apelos da razão que não sejam os da sua ética utilitarista e apequenam a diversidade do debate. Esta conduta turva a transparência, maior inimiga da corrupção, seja nas ideologias de esquerda ou de direita.

 

A Nova Autonomia

 

Exige não compactuar com candidatos a ditadores, que crescem nos infortúnios como a pandemia atual, quando cemitérios eloquentes expõem a vulnerabilidade da raça humana frente a um vírus. O best-seller “Como as Democracias Morrem” (Steven Levitsky e Daniel Ziblatt), relata outros tantos modos para se perpetuar no poder, a começar pelo próprio processo eleitoral. … “É assim que os autocratas eleitos subvertem a democracia- aparelhando tribunais e outras agências neutras e usando-os como armas, comprando a mídia e o setor privado (ou intimidando-os para que se calem) e reescrevendo as regras da política para mudar o mando de campo e virar o jogo contra os oponentes.

O paradoxo trágico da via eleitoral para o autoritarismo é que os assassinos da democracia usam as próprias instituições da democracia – gradual, sutil e mesmo legalmente – para matá-la”.  Impingindo medo, desqualificando opositores ou ainda mais aliciando caráteres vendáveis, déspotas se blindam e se asseguram no poder. Maquiavel que o diga.

Mas, o tempo, senhor da razão, coloca os louros nas cabeças certas. Assim, os que se digladiam politicamente em tempos de hoje, em louvor aos honrados cidadãos que ajudaram a construir a História vitoriosa desta cidade, não desvirtuem este passado glorioso. Enfim, Preservem as suas biografias cultivando a Nova Autonomia.

 

São Caetano do Sul, outubro de 2020.

 

José Roberto E. Xavier

(Dr. Xavier)

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