Artigo

“Comemoração da vitoria de Pirro da previdência brasileira”

Alvaro Barbosa

É lamentável que os representantes do povo Brasileiro, tenham motivos para comemorar a aprovação da reforma da previdência, como se o Brasil tivesse conquistado a Copa do Mundo dos Benefícios e Garantias Sociais.

Causa indignação saber que um administrator público – que nos representa -; fique feliz em reduzir garantias sociais conquistadas há décadas, sem oferecer nenhuma contrapartida.

Com estas palavras pode parecer que me enquadro na parcela da população que é “contra a reforma da previdência”; mas isto não é verdade, partilho do entendimento da extrema necessidade de ocorrer uma reforma que permita estabilizar as finanças públicas e direitos sociais para as próximas gerações.

Mas ser a favor da reforma da previdência, não significa o que tenha motivo para comemorar a dor e sofrimento; que esta lei irar gerar a milhões de brasileiros que serão imediatamente atingidos pelos seus efeitos.

Prefiro comparar a “inglória comemoração” da aprovação da lei da reforma da previdência; ao momento que o Juiz de Direito em sua sentença aplica o instituto jurídico denominado “perdão judicial”. Explico melhor:

Lei Penal

Afinal, para aqueles que não conhecem, a Lei Penal Brasileira permite que em um processo criminal, o Juiz de Direito ao proferir a sua decisão e sentença, entenda que mesmo ocorrendo um crime por parte do réu, a sua dor e sofrimento envolvendo o crime, já seria maior que qualquer outra penalidade e sanção existente no mundo dos Homens.

Transpondo esta definição jurídica ao caso prático, a figura do instituto do perdão judicial é comumente aplicada quando numa batida de carro, a mãe na condução e direção deste veículo automotor, se envolve num acidente em que tem como passageiro seu filho ou filha, e por conta deste acidente o passageiro (filha/filha) do condutor vem a falecer.

Se fosse aplicar a letra fria da lei, seria possível que esta mãe e condutora do veículo automotor que ao se envolver num acidente vitimou seu filho/filha ainda pudesse responder pelo crime de “matar alguém sem a intenção de fazê-lo na direção de veículo automotor”, com pena de 2 a 4 anos.

Sabiamente, a lei permite ao juiz criminal conceder a esta condutora; e acima de tudo mãe, o instituto do perdão judicial; e desta forma esta mãe e condutora mesmo “cometendo um homicídio culposo” não sofre nenhuma sanção penal.

Reforma da Previdência

Todo este exemplo, serve para alertar os representantes do povo, que a reforma da previdência, mesmo sendo necessária; na sua aprovação não pode ser vista como algo “positivo e motivo de comemoração aos brasileiros”; ao contrário, sua aprovação é um “mal necessário” para uma sobrevida ao País que se encontra há muito tempo numa UTI.

É oportuno lembrar aos governantes que gastam o tempo da votação fazendo “lives” e “selfies” no momento da aprovação da reforma da previdência, que estão diante do dia histórico da Vitória de Pirro do Povo Brasileiro, pois foi obtida uma vitória a um alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis a toda nação. Enfim, relembramos aos mais jovens, que a expressão recebeu o nome do rei Pirro do Epiro, cujo exército havia sofrido perdas irreparáveis após derrotar os romanos na Batalha de Heracleia, em 280 a.C.; e na Batalha de Ásculo, em 279 a.C., durante a Guerra Pírrica. Sendo que após a segunda batalha, Plutarco apresenta um relato feito por Dioniso de Halicarnasso:

“Os exércitos se separaram; e, diz-se, Pirro teria respondido a um indivíduo que lhe demonstrou alegria pela vitória que “uma outra vitória como esta o arruinaria completamente”. Pois ele havia perdido uma parte enorme das forças que trouxera consigo; e quase todos os seus amigos íntimos e principais comandantes (…)

É realmente este dilema que o Brasil enfrenta; pois se para sobreviver for necessário “matar mais e mais direitos sociais” de uma nação; em breve seus cidadãos e a nação brasileira como um todo estará VIVA; mas em estado vegetativo num leito de “UTI” “vivendo” por auxílio de aparelhos; que garantirão jogar ar em seus pulmões e circular o sangue em seus órgãos vitais; garantindo assim apenas a vida do ponto médico, mas retirando todo direito de viver a intensidade da vida

Mostrar Mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo