Usuários da Viação Guaianazes reclamam dos serviços prestados
CELSO M. RODRIGUES
“A Prefeitura de Santo André tem expectativa de começar a renovação da frota com 50 ônibus novos ainda no segundo semestre de 2019.
A Lei Municipal 10.166 prorroga o prazo de concessão para a SATrans por 50 anos.
Esta foi uma das recomendações do Tribunal de Contas ao edital de licitação da administração.
Esta lei permite que a SATrans faça a subconcessão do sistema.”
Essa resposta oficial deixa claro: o prefeito Paulo Serra já havia sinalizado e mantém a cobrança para que a cidade tenha ônibus zero quilômetro e de qualidade,
mas a julgar pela disposição das empresas parece difícil conseguir.
O Direto da Redação foi ao Centro da cidade ouvir usuários e saber como são atendidos pela Viação Guaianazes.
A Viação Guaianazes é do empresário Ronan Maria Pinto e, segundo o site da empresa, é uma das maiores empresas de transporte coletivo da cidade.
Além da Guaianazes, Ronan é proprietário do jornal local Diário do Grande ABC, Viação Curuçá e ETURSA (Empresa de Transporte Urbano Rodoviário de Santo André),
que integram o Consórcio União Santo André.
Chegamos ao terminal Oeste de Santo André, por volta das 17h50, de 28 de maio, e lá ouvimos muitas reclamações de várias linhas operadas pela Viação Guaianazes.
Abaixo você confere alguns relatos dos passageiros.
UMA PORCARIA
Usuária da linha T-23 – Cidade São Jorge – Estação Santo André, Debora Damaris da Silva,
operadora de Telemarketing, só tem a reclamar.
“É uma porcaria, falta mais ônibus, o atraso é horrível. Falta baixar o preço, porque está muito caro”.
ESPERA GRANDE
Mônica Aparecida Gomes, dona de casa, também da T-23. “A espera é muito grande.
Quando vem para a Estação ficam três, quatro filas.”
SEM AR
Na linha T-29 – Vila Suíça – Estação Santo André, as reclamações são as mesmas.
Marcia Ciência, técnica de enfermagem, fez coro às reclamações.
“Sempre filas grandes, não tem ar-condicionado e faz falta. Seria bom wifi e carregador de celular, ajuda e muito, mas não vejo não”.
PERDA DE AULAS
Nicole Aparecida Rodrigues dos Santos, estudante, reclama: “Demora um pouco, às vezes perco a hora de ir ao curso e poderia melhorar”.
FALTA ILUMINAÇÃO
O Direto da Redação embarcou na linha T-15 – Estação Santo André – Hospital Mario Covas, e, no ônibus, na parte de trás, falta iluminação.
Na frente melhora, mas há lamentações.
SOFRIMENTO
Maria de Oliveira, dona de casa, usa o transporte frequentemente.
“Para quem paga é um sofrimento, esses ônibus estão muito destruídos, tem hora que correm demais, parece que querem derrubar a gente.
Precisa melhorar mesmo 100%”.
DUPLA FUNÇÃO
Outro problema constatado foi a dupla função do motorista, como condutor e cobrador.
BARULHENTOS
Ainda no T-15, disse o pedreiro Manoel Francisco da Silva:
“O transporte público em Santo André tem uns ônibus que são muito barulhentos”.
POUCA VERGONHA
Na T-15, mais protestos, agora de Maria de Souza, dona de casa:
“Essa linha é uma pouca vergonha, demora até 40 minutos para passar”.
PÉSSIMO
O auxiliar de almoxarifado Marcos Aurélio não poupou críticas:
“É ruim, péssimo dos péssimos, demora muito, ônibus velho.
Não existe WIFI, carregador de celular e ar-condicionado, essa é uma das piores linhas, precisa melhorar tudo 100%”.
Falta de respeito
A religiosa Marilucia Caçula Moura reclama da falta de respeito com idosos.
“O cartão do idoso não passa com o ônibus parado no terminal e o idoso fica em pé esperando”.
SUPERLOTAÇÃO
Outro problema detectado pela equipe do Direto da Redação foi a superlotação.
Se na parte da frente do ônibus tem espaço para ficar em pé, no fundo fica tudo lotado e a passagem para descer do coletivo acaba se tornando uma maratona com obstáculos.
ULTRAPASSADO
O vendedor Sandro Bueno Ramos falou do conforto.
“Falta mais comodidade para os passageiros, ônibus está meio ultrapassado, falta uma atenção melhor”.
Apertada
Voltando à T-29, para a advogada Janaina Alves Oliveira Machado a contestação continua.
“Uso uma vez por semana, demora bastante para chegar ao terminal, quando chega já enche, porque a fila é muito intensa, sempre acabo indo apertada”.
O Direto da Redação ouviu um especialista em transporte que pontuou algumas situações.
“O que é cobrado do passageiro fica inteiramente com a Viação Guaianazes, do Consórcio União Santo André, e ele divide entre as empresa participantes do consórcio, de acordo com os passageiros transportados e quantidade de linhas”.
Segundo o especialista, a Prefeitura dá subsídios sim, mas para complementar as integrações pelo Bilhete Único Andreense, que são de acordo com o número de integrações que são feitas.
A Viação Guaianazes contava, em 2016, com frota patrimonial de 131 carros, já incluindo reserva e 15 linhas.
A idade da frota está fora dos critérios exigidos no contrato do Consórcio, de cinco anos em média.
MODERNIZAÇÃO
Em abril, o prefeito Paulo Serra afirmou:
“O transporte público da cidade vai passar por um grande programa de modernização a partir do final de maio e começo de junho, quando haverá o início da troca e modernização dos veículos, não só na Vila Luzita, com a licitação, que já está em curso, mas em outras regiões da cidade”, e continuou:
“Todas as empresas foram notificadas com relação à idade da frota”.
E disse que pretende ver essa correção completada ainda neste primeiro semestre.
O chefe do Executivo reconhece que o transporte coletivo da cidade está longe da qualidade que se imagina, por isso está cobrando ônibus zero quilômetro, com ar-condicionado.
Ronan Maria Pinto está preso por ter cobrado e recebido R$ 6 milhões no esquema de corrupção da Petrobras descoberto pela Lava Jato.
O Direto da Redação enviou e-mail e ligou por diversas vezes para a Viação Guaianazes, mas não houve resposta aos questionamentos quanto aos problemas elencados pelos usuários.