Honesto
Não basta ser legal. Tem que ser honesto.
É muito comum ouvir-se: isto é legal; isto está de acordo com a lei; e por aí vai. Mas quem faz a lei é o próprio homem. E o homem faz as leis ao seu bel prazer. Com frequência quem faz a lei, faz de acordo com os seus próprios interesses.
O honesto tem caráter universal enquanto o legal tem caráter aleatório. Haja vista que as leis são diferentes, em diferentes países, para situações idênticas. Além disto existe a interpretação da lei, que faz com que as coisas tomem rumos inimagináveis.
A palavra honesto é muito mais abrangente. O honesto exprime a razão e o sentimento humanos. Exprime a razão e o sentimento individuais e a razão e sentimento coletivos. É o sentimento que fala mais alto sobre o que é honesto e o que é desonesto, e fala com muito mais propriedade do que a lei.
O honesto chega onde a lei não chega. Muitas vezes as leis são aplicadas por quem tem conhecimentos puramente livrescos, sem o conhecimento do ancião, daquele que já viveu muito e conhece muito da vida. Às vezes por pura má fé.
Legal
Por tudo isto, com frequência, o legal fica muito longe do honesto. Todos os dias nos deparamos com um s em número de situações que nos deixam perplexos e com as quais precisamos conviver. Todos percebem, todos sentem que ali não existe honestidade, mas que a lei não consegue alcançar, a não ser por enormes malabarismos.
Muitas coisas, analisadas cruamente, à luz da lei, estão corretas, mas ao mesmo tempo todos nós sentimos que não são honestas. Justiça com muita lei e pouca honestidade não é justiça, é um mergulho no caos.
Esta discussão é muito antiga. Acredito ser tão antiga quanto a existência humana. Nos tempos romanos muito se discutia a respeito. Dessa época temos a seguinte expressão: “Non omne quod licet honestum est” – nem tudo o que é legal é honesto – .
