Ribeirão Pires segue a fita do ABC e preserva a Casa do dublador Herbert Richers
Pois bem, e como o ABC é terra de cinema, a começar pelos famosíssimos estúdios Vera Cruz (hoje em franca recuperação às margens da Via Anchieta, em São Bernardo, já com produções internacionais de programas de tevê), agora chegou a vez de Ribeirão Pires projetar-se no cenário da sétima arte e anunciar uma conquista importantíssima: a garantia de preservação e perpetuação da casa do conhecido produtor, amigo de nada mais nada menos que Walter Elias Disney, para os mais íntimos Walt Disney.
Tombada
A Casa do produtor de cinema Herbert Richers passou a ser oficialmente protegida após tombamento como patrimônio histórico e cultural do município. Após a publicação de decreto do tombamento, o proprietário do espaço terá o prazo de 180 dias para apresentar projeto executivo de restauração do casarão histórico, local onde já foram dublados diversos filmes.
Publicado no Diário Oficial de Ribeirão Pires em 20 de outubro, o decreto municipal nº 6770/2017, assinado pelo prefeito Adler Teixeira – Kiko (PSB), homologou os estudos e o tombamento em razão de a preservação ser de interesse público e um direito previsto na Constituição. O decreto considera “a deliberação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural e a instrução detalhada do CATP (Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio) de Ribeirão Pires”.
“Nossa memória deve ser preservada. Herbert Richers foi um expoente da cultura brasileira e gravou dois filmes com o elenco da Família Trapo em nossa cidade. Foi um presente que ele deu a Ribeirão e que nós, agora, estamos devolvendo como uma homenagem ao seu legado”, afirmou.
“Ouvimos o apelo da população, expressa em vários abaixo-assinados que comprovavam o interesse público na preservação da casa. Tecnicamente não havia nenhum impedimento. Portanto, o tombamento é mais uma forma que temos de garantir o direito à memória à população e de criar a possibilidade de mais uma opção de turismo para a cidade”, completou o prefeito Kiko.
Segundo o diretor de patrimônio da cidade, Marcílio Duarte, o casarão sempre foi propriedade privada e a abertura ao público depende de negociações com o proprietário. “O proprietário poderá utilizar o imóvel para as finalidades que considerar melhor, sejam elas administrativas, culturais ou até mesmo comerciais, desde que preserve as características históricas da arquitetura, incluindo toda a restauração do interior e exterior da casa, a edícula, o jardim e os muros. A Prefeitura, por meio do CATP, poderá disponibilizar técnicos para ajudar na definição de uso mais compatível com o valor cultural do bem e, futuramente, abrir a casa para visitações, dentro de uma estratégia de turismo cultural”, explicou Duarte.
Outro imóvel de Herbert Richers, abandonado em 2009, quando ele morreu, que abrigava o estúdio na Usina, Tijuca, Rio, foi comprado pela Sukyo Mahikari, instituição religiosa japonesa com raízes comuns à Igreja Messiânica. Ao encontrar, em 2015, o imenso acervo que ainda permanecia no edifício, uma das representantes da igreja entrou em contato com a Unviersidade Federal Fluminense para que o material tivesse destino apropriado.
Milhares de negativos, películas, fitas e registros de ex-empregados foram transportados de caminhão para a Cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna), onde passaram por extenso processo de análise e catalogação, trabalho que não deverá levar menos de um ano. “Já o mobiliário será levado para a universidade”, explicou Fabián Núñez, professor da cadeira de Conservação e que coordenou a ação no resgate do material.