Editorial – Lixo cibernético

 O último ataque em massa de piratas da internet deu um tranco formidável na rede mundial. Foram – por enquanto – milhares e milhares de terminais infectados em mais de cem países, no maior 171 (estelionato) mais o Art. 158 do CP (extorsão), que trata de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa. Teoricamente, isso daria cadeia. 
É o maior golpe global do último quarto de século. Contudo, não é só na invasão em grande escala de equipamentos que mora o perigo: diariamente somos vítimas de bateladas de e-mails sinistros com produtos, serviços, armadilhas e o raio que os parta entupindo nossos serviços de correspondência assustadoramente, gerando perda de tempo, paciência e fé na humanidade. 
Nossos telefones e celulares saturam-se de ligações indesejadas e altamente duvidosas – muitas vindas de presídios – ocupando permanentemente nossas linhas e causando prejuízos às empresas e serviços honestos e, pessoalmente, reduzindo-nos os nervos a frangalhos. 
Após a era do luxo cibernético, entramos de cabeça na do lixo cibernético. O que foi uma das maravilhas do último século tornou-se um seriado de terror, a agravar-se dia a dia. A rede virtual tornou-se um inferno mundial. Teremos de voltar aos bons e velhos pombos-correio?