Editorial – A arte da sedução

Um vetor, todavia, era-lhes de consenso definitivo: as que manifestavam um mínimo de simpatia, empatia e até mera curiosidade instintiva e irrefletida, eram catalogadas no departamento das Musas. Às contrárias, empertigadas em seca empáfia e desconsideração calculada, restava-lhes a seção das Mocreias. 
Já na feira-livre há algumas centenas de metros, o pragmático vendedor de frutas e legumes proclamava em alto e bom som: “- Moça bonita não paga… – e se alguma se lhe achegava entre dengos e sorrisos, ouvia a sentença: – … mas, não leva nada!”. Sujeito troncho! De premissa até plausível, chegava a conclusão falsa. 
Alegria gera alegria, gentileza gera gentileza, prioritariamente nas relações primitivas sub-reptícias subjacentes destinadas à propagação da espécie e sua preservação. Nesse jogo apenas os inóspitos e truculentos, os amargos e inexoráveis nada levam.  Poetas, músicos, fotógrafos, chargistas, enfim, os artistas em geral sabem que a arte da sedução só tem final feliz no encontro com a arte de serem seduzidos. É o que nos diz a charge de hoje, do nosso querido Mestre Juarez Correa…
 
 
				
